segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O MUNDO NÃO É UM LIVRO DE CONTOS DE FADAS

O MUNDO NÃO É UM LIVRO DE CONTOS DE FADAS

Pilar Casagrande

As fadas usam seus poderes para premiar os bons e castigar os maus. Mas, com relação ao caráter, elas são parecidas com os seres humanos, e tanto podem ser más como boas. As más são frívolas, perversas, tem o prazer de trazer perturbações para o homem. As boas mostram-se gentis, amigas e dispostas a colaborar com as pessoas com as quais simpatizam. Em tempos imemoriais, porém, as fadas eram consideradas extremamente perigosas.

Nos contos de fadas, essas personagens, depuradas pelo cristianismo, aparecem com uma única e bem definida forma: são mulheres brancas, de feições finas, cabelos louros que caem em cascatas sobre seus ombros. Vestem vestidos belíssimos, bordados de ouro e de prata. Na cabeça usam chapéus em forma de cone, muito semelhantes aos da bruxa, o que acentua, naturalmente, o parentesco entre elas. Nas mãos trazem uma pequena vara (varinha de condão), com a qual executam as suas magias. A presença da varinha de condão é outra analogia entre as fadas e as bruxas, pois os feiticeiros também costumam usar certos tipos de varas, cajados etc.

As fadas possuem extrema habilidade nos trabalhos manuais; daí a expressão para designar uma mulher muito hábil em trabalhos femininos: ela tem mãos de fada.

Assim, são fadas: seres da natureza, brincalhões ou malévolos, mulheres maravilhosas, idealizações do feminino positivo, mas antes de qualquer coisa, mitos.

No cinema e nas histórias em quadrinhos, os contos de fadas retornam com novas energias e novo vigor, como uma fênix que renascesse das próprias cinzas. Este fato deve-se aos elementos típicos presentes nos contos maravilhosos, elemento esse fundamente entranhado no inconsciente coletivo e parte essencial da bagagem psíquica do homem em sua viagem pelo planeta Terra.

As fadas, os príncipes encantados, as bruxas, as terras maravilhosas, os reis, os gigantes são morfemas míticos básicos para a existência do homem, este animal criador de símbolos, de sonhos, de mitos e de ilusões.

O mundo não é um livro de contos de fadas, mas estamos sempre querendo fazer de conta. Fazemos de conta que somos felizes; que o amor não acabou, que ainda existe desejo. Tentamos nos convencer que todas as decisões que tomamos no passado foram acertadas.Talvez por medo de termos que confessar que em algum lugar da nossa vida, falhamos. É difícil ter de admitir que nos enganamos de caminho. Mas o mais difícil é pensar que vamos decepcionar outros. Apesar de tudo, o que os outros vão pensar pesa muito nas nossas vidas. Assim vamos fazendo de conta que está tudo bem.

E chega um dia onde não encontramos mais saída. E a gente chora na encruzilhada onde se encontra, chora no labirinto da vida, onde não queremos nem ir à frente e nem voltar atrás. Mas sabemos que teremos que achar o caminho de qualquer jeito. É preciso enfrentar a realidade, mesmo que doa; é preciso ter a coragem de tomar uma decisão e fazer escolhas, mesmo se daqui a dez anos vamos perceber que nos enganamos de caminho.

Se enganar não é pecado; pecado é se saber enganado e continuar no mesmo trilho. Dê a você mesmo a oportunidade de ser feliz, sendo quem é, como é. Saia do marasmo do dia-a-dia que mata e construa algo sólido onde se apoiar.

A vida não espera por nós e não é por fingir que o tempo não passa que os relógios vão parar. Tire a máscara do faz-de-conta e viva de cara lavada, mesmo se no momento não for o melhor que você tenha para apresentar ao mundo. Com o tempo você vai aprender que tudo fica mais fácil e você se sentirá aliviado.

Não se pergunte o que vai fazer depois: aprenda com seus erros e dê o melhor de si. Dê a você mesmo uma chance de ser feliz, porque ninguém vai fazer isso por você.

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