sábado, 14 de novembro de 2009

COMO ALCANÇAR AQUELA ESTRELA QUE PARECE INALCANÇÁVEL

COMO ALCANÇAR AQUELA ESTRELA QUE PARECE INALCANÇÁVEL

Pilar Casagrande

O meu encontro com o Voluntariado não teve data marcada e também não resultou do acaso, surgiu de forma simples, como uma vontade que não se explica, só se sente. Fez crescer a necessidade de ser solidária e aparecer na vida dos outros com um sorriso de esperança.

Quando me questionam sobre o fato de não se “ganhar” nada, eu repondo firme: ”mas eu ganho” e cada dia me sinto mais feliz e enriquecida; cresci como ser humano e estou forte, até o meu sorriso se valorizou bastante, mas o mais importante é conseguir levar algumas dessas alegrias aos outros, pois respeito muito, e cada vez mais a dor alheia!

Sonho, talvez o que poucos ousaram sonhar, realizo aquilo que já disseram que não podia ser feito, a fim de alcançar aquela estrela que a todos parece inalcançável.

Essa é a minha missão: alcançar essa estrela, mesmo sem querer saber quão longe ela se encontra; nem de quanta esperança necessitarei; nem se poderei ser maior do que o meu medo. Sei apenas que nisso vale a pena gastar o resto da minha vida.

Carregarei sobre os ombros, se necessário, o peso do mundo, lutarei pelo bem sem descanso e sem cansaço e enxugarei todas as lágrimas para dar ao próximo um sentido luminoso. Levarei juventude a lugares onde se pode morrer, porque lá precisam de mim.

Sei que pisarei terrenos que muitos valentes não se atreveriam a pisar e partirei para longe, talvez sem sair do mesmo lugar, para amar com pureza e castidade, para devolver à palavra "amigo" o seu verdadeiro sabor.

Terei além dos filhos nascidos do meu corpo, outros muitos mais nascidos apenas do meu coração, aos quais ensinarei todo o valor das palavras dos homens, para que possam descobrir os caminhos que há no ventre da noite, para que possam vencer o medo.

Não medirei forças, pois levarei o anjo do bem comigo, e ele não permitirá que os meus pés se magoem nas pedras dos caminhos. Ele, que vigia o sono das crianças e coloca nos seus olhos uma luz pura que nos apetece beijá-las, é também guerreiro forte!

Sofri aquilo que não sabia ser capaz de sofrer, para viver daquilo que mata, e para saber as cores que existem por dentro do silêncio. Acredito que temos que ter muita coragem, muita força de vontade para arrebentar as amarras de nossos tabus, nossos medos, inseguranças e receios. Diria mais, além de coragem é necessário muito amor próprio. Muita vontade de ser feliz e de manter um padrão constante de "felicidade".

Eu continuarei até quando os meus braços estiverem fatigados e olharei para as minhas cicatrizes sem tristeza, pois hoje sei que uma pessoa pode seguir em frente apesar de tudo o que dói.

Para ir mais além, para passar cantando perto daqueles que viveram poucos anos e já envelheceram, para puxar por um braço, com carinho, esses que passam a vida alheios às dores do próximo.

Precisamos ter mais fé em nós mesmos, mais segurança e acima de tudo mais orgulho de nossa pessoa interior e trabalhar sempre interiormente para que isso aconteça. Se paciência se aprende praticando, vamos praticar e também nutrir, explorar e expandir bons sentimentos por nós mesmos. Reconhecer que a vida não é um caminho pronto e que o futuro é tão distante como o passado e permitir que cada momento seja um descobrimento, um ato de graça, beleza e saborear a serenidade fundamentada na solidariedade, vivendo cada dia como se fosse o primeiro, o último, o único dia da vida.

Direi até ao último momento: "ainda não é suficiente". Disposta a ir às portas do abismo salvar uma flor que resvalava. Disposta a dar tudo pelo que parece ser nada. Disposta a ter comigo dores que são semente de alegrias talvez ainda longe. Viverei feliz para tocar o intocável e ter sempre em meu rosto um sorriso que nem a morte não possa arrancar.

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