segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A FELICIDADE ÀS VEZES INCOMODA O OUTRO

A FELICIDADE ÀS VEZES INCOMODA O OUTRO

Pilar Casagrande

Eu sempre imaginei que felicidade podia ser um momento coletivo onde muitas pessoas tivessem a mesma sensação de alegria, a mesma impressão de bem estar. Depois imaginei que a felicidade devia ser algo muito individual onde somente um lado ficasse feliz.

Depois, em outra oportunidade percebi que a felicidade às vezes incomoda o outro.

Ser feliz pode nada significar para o outro, visto e ouvido desta forma, decepciona qualquer pessoa que está feliz. E novamente pensar em estar feliz me deixa preocupada...

Quem sabe se nos momentos de felicidade eu conseguisse disfarçar o olhar. Pura bobagem,

Felicidade, não se disfarça, se evidencia no brilho do olhar, no jeito de falar, sorrir, andar, respirar. Na realidade tudo muda e a felicidade fica estampada!

Nada mais resta a fazer do que assumir a felicidade, por mais que ao outro possa ser estranho. Pior ainda, eu percebi um dia que estar ou ser feliz pode derrubar o outro, pois o egoísmo, a falta de sensibilidade, à vontade de ver a infelicidade ao redor pode tornar a cena mais emocionante.

Estranho o comportamento do ser humano gostar e talvez de certa forma ser feliz ao ver o outro infeliz.

Eu confesso que me entristeço ao me deparar com pessoas que sentem desta forma e quase batem no peito discursando algo parecido com: Eu não preciso ser feliz, nem você! Afinal, o que é ser feliz?

Talvez, um ponto de apoio, um papel em branco convidando ao sonho, onde estou sempre a rabiscar tentando desenhar com palavras, idealizando o que sinto, objetivando minha decisão mesmo que não passe de um sonho.

Eu sempre me lembrei que a felicidade era um bem passageiro, inquilina dos corações, quando não se renova o contrato, findam-se as ilusões. Quis mais que o ar que respiro. Foi a felicidade que conheci. Embora, de mim também muito desprendi. Dei amor, mais que a primavera ofertou em flor. Confesso não menos recebi. Esses foram momentos que eu nunca senti. Mas hoje, somente hoje, vi que a felicidade não renovou o contrato, pois soube que rasgou o meu retrato.

Não sei o porquê tememos tanto nessa vida, se dela só se leva o amor e nada mais. Se o fim do amor já estava escrito porque ninguém nos falou?

Para criar relacionamentos harmônicos onde a felicidade seja a meta, uma arte precisa ser cultivada e levada a sério, é preciso que pelo menos uma das partes o queira e o faça. E se uma das partes quiser, por mais que a outra esteja revestida de uma proteção semelhante à de um porco-espinho, ninguém sairá ferido e o relacionamento terá êxito. Basta lembrar dessa regra bem simples; mas eficaz: em vez da força, o afeto. E tudo se resolve sem desgastes.

Quando se faz uma poesia o que se deseja é uma exaltação; para os mais exagerados uma sublimação, para os religiosos uma devoção, mas para mim é a transmissão de uma emoção

Assim é a poesia, uma mistura de dramas e comédias de tristeza e alegrias, de emoções incontidas de frases sem nexo, inócuas e desmedidas, isto além de ser verdade não deixa pairar duvidas. O importante é que ela foi feita para exaltar a vida, moldurar e enfeitar o amor, trazer muita felicidade para os solitários.

De tudo o que fazemos na vida fica apenas algumas lições: a certeza de que estamos todos em processo de aprendizagem, a convicção de que precisamos uns dos outros, a certeza de que não podemos deter o passo, a confiança no poder de renovação do ser humano. Portanto, devemos aproveitar as adversidades para cultivar virtudes.

Fazer dos tropeços um passo de dança, do medo um desafio, dos opositores, amigos. E retirar, de todas as circunstâncias, lições para ser feliz.

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