segunda-feira, 2 de novembro de 2009

É IMPOSSÍVEL ESCAPAR DESSE AÇOITE CHAMADO CIÚME

É IMPOSSÍVEL ESCAPAR DESSE AÇOITE CHAMADO CIÚME

Pilar Casagrande

Ciúme é desatino de amantes, depois que ele surge nada mais será como antes nessa luta dos egos gigantes, não respeita a idade dos próximos e muito menos a dos distantes, pois o ciumento quer descobrir a qualquer custo o que lhe roubará a felicidade o quanto antes.

Somente quem provoca ciúmes é digno de merecê-lo, pois os ciumentos são desvairados e criam seus próprios fantasmas, tomam o chá da desconfiança em xícaras sem asas, sim, o ciúme é um tempero num relacionamento, mas só a contento, pois quando passa do ponto é condimento do desespero, um desassossego da possessividade com requintes de crueldade.

A quantidade de ciúmes suficiente para um amor contente tem a medida do que você usa dos seus perfumes de leve na pele, mas dê um pequeno motivo para fazer do ciúme vivo e ele vai acompanhar pra sempre com fervor toda a via-crúcis do seu amor.

O ciúme é a prevenção contra a traição, seguro contra terceiros, cautela contra os interesseiros na sua relação, pacto das partes amadas, apropriação do coração de outrem, desejo que surge sem plano da mulher de papel e do homem de pano, no reino dos amantes está escrito na lei de ouro do império que será punido com pena de morte o pecado da cobiça e o crime de adultério.

Ela passa mão pelos cabelos, ele desvia o olhar em outros momentos, basta uma fagulha pra ela querer descobrir seus pensamentos, a roupa dela é muito curta e ele fica de mão fechada e mente alerta, ela tenta descobrir as eleitas pra suas suspeitas, ele tem as águas do seu rio todas túrgidas por causa de suas dúvidas, amor de inquisição, erros sem perdão apesar de beijos com tanta paixão.

Ela é vulnerável nos sentimentos, tem as mãos frias, mas o coração é tão quente, ele é firme nas emoções, mas é tão inseguro nas sensações... É por aí que provavelmente nasce o ciúme nas relações, dentro do tormento do ciumento toda dúvida será alimento, mas nem toda certeza lhe servirá de remédio.

O que está por trás desse comportamento? O medo de amar, a incapacidade de amar.

Ao invés das pessoas tratarem desse sentimento que tão mal faz às construções amorosas, preferem terminar o relacionamento, achando que o próximo será melhor.

Em nossa cultura, os homens, em geral, foram treinados para um verdadeiro pavor de envolvimento. Adoram sexo, o prazer imediato do relacionamento, a sedução esporádica, mas tremem diante de qualquer coisa que signifique compromisso.

Na verdade tudo se resume no medo do abandono. Assim é a manifestação do ciúme masculino na nossa sociedade. Por isso, a idéia de que o ciúme não faz parte do amor, como muitos pensam, mas ao contrário, é uma doença do amor. É a erva daninha que, se não tratada, sufoca o amor.

A incapacidade de amar é o querer todas as vantagens prazerosas do relacionamento, mas o medo de perder faz não querer correr os riscos possíveis do compromisso. E como sempre, quem tudo quer, tudo perde.

Perde, sobretudo, a vivência gostosa do amor, representada pelo companheirismo, sensação de inclusão e pela paz dos que se relacionam com afeto e ternura.

Como todo relacionamento é de mão dupla, essa dificuldade é reforçada e alimentada pela contrapartida da mulher. Ao contrário do homem, em pólo oposto, as mulheres, em geral, são extremamente carentes. Essa carência realimentada continuamente pela falsa crença cultural de que a mulher só será feliz se tiver "alguém", se casar e se tiver filhos.

Daí o ciúme feminino, traduzido num controle excessivo do namorado, ou marido, num desejo de estar juntos o tempo todo, sufocando e oprimindo a individualidade do outro.

O pano de fundo de tudo isso é o ciúme, ou seja, o medo de perder, o medo do abandono, o medo de amar, o medo da solidão ou o medo do compromisso. Ainda que o ciúme apareça com várias caras, é sempre ele o responsável pelo sofrimento na relação amorosa.

E ao invés das pessoas tratarem desse sentimento que tão mal faz às construções amorosas, preferem terminar o relacionamento, achando que o próximo será melhor.

De fato, cada relacionamento é a preparação para o próximo, desde que eu cresça e aprenda a partir das minhas limitações, sobretudo a partir do meu ciúme, principal inimigo do amor.

Vou te falar na real, você pode até me dizer que é o tal, pode até ficar aí fazendo cara de mau, mas por mais que tenha atitudes firmes seus sentidos não vão ficar impunes desse chicote, será impossível escapar desse açoite chamado ciúme.

Nenhum comentário:

Postar um comentário