sábado, 14 de novembro de 2009

A EMPÁFIA É UM ORGULHO VÃO E DESMEDIDO

A EMPÁFIA É UM ORGULHO VÃO E DESMEDIDO

Pilar Casagrande

Arrogância é diferente de empáfia, portanto ter orgulho de si, da própria capacidade e de suas realizações é natural e necessário em nossas vidas, porque todas as nossas atitudes são motivadas por incentivos vindos de nossas emoções. É preciso despender nossas emoções além de nosso raciocínio e habilidade para que nosso trabalho seja feito da melhor maneira.Todas atividades que desempenhamos devem trazer uma satisfação emocional além do monetário para que possamos viver com qualidade, porém chegamos à grande dicotomia... O orgulho, em verdade, é um sentimento dúbio, sempre à beira dos limites e que pode tanto nos levar às alturas como nos fazer despencar num abismo sem fim. Assim, saber dosá-lo adequadamente é o nosso permanente desafio, já que este sentimento, como sinônimo de dignidade pessoal, é um dos ingredientes básicos da receita do sucesso e do fortalecimento da auto-estima; e, em sua contraparte, como conceito exacerbado de si mesmo, invariavelmente, resultará em atitudes egoístas.

Os que não possuem orgulho, em seu sentido positivo, seja próprio, seja grupal, em geral padecem de uma humildade excessiva, podendo aceitar qualquer imoralidade ou amoralidade que lhes seja proposta, porquanto os que constantemente se impõem sacrifícios e humilhações não raro confundem suas fraquezas com humildade e se torna capacho dos outros, aceitando a idéia de que são bastante insignificantes. Notadamente, onde há um traço de superioridade, sempre existe a contraparte inferiorizada.

O orgulhoso exclusivista adora lisonjeadores, ama os parasitas sociais, e odeia os generosos. Vivendo a se vangloriar de cada vitória, enterrando sob uma fina camada de areia todos os seus erros e fracassos que se tornam visíveis à primeira lufada de vento. Sem compaixão por nada nem por ninguém, apresenta tendências egoístas e tem enorme dificuldade de perdoar. Perpetua suas máscaras sociais e fica constrangido se a situação requer espontaneidade. Qualquer quebra de padrão o derruba. Fica absolutamente deslocado quando não domina a situação ou não é o centro das atenções. Dessa forma, o arrogante, de tanto jogar no time do "eu sou mais eu", acaba atraindo a antipatia e a indiferença dos outros, pois ninguém agüenta conviver muito tempo com a presunção de uma pessoa que só conta vantagens, muitas delas, geralmente, nem verdadeiras são. Com o passar do tempo, lembranças de glórias efêmeras são as únicas companheiras que lhe restam, já que ele não soube compartilhar o seu sucesso nem os de outras pessoas. Pobre criatura arrogante!

Ser humilde consiste em simplesmente aceitar suas deficiências e seus defeitos, obstáculos momentâneos à plena realização e felicidade espiritual, não se esquecendo de que tudo isso pode ser superado e modificado com esforço e determinação. Todos nós temos defeitos, e quando estamos cientes desses defeitos em nós mesmos, é difícil manter uma atitude superior em relação aos outros. Conforme vamos nos tornando honestos, dispostos a admitir as nossas deficiências e ampliando a nossa consciência de entendimento da natureza humana, aumentamos nosso autoconhecimento e auto-respeito e passamos a nos preocupar igualmente com o bem-estar dos outros. E essa qualidade de consciência de si mesmo e de interesse pelo próximo gera a verdadeira humildade, e só os que são verdadeiramente grandes têm sabedoria suficiente para viver a humildade em sua plenitude.

Nenhum de nós é ainda modelo de perfeição, e, por isso, é imprescindível saber respeitar e conviver com as diferenças. Não nos cabe julgar nem mesmo condenar pessoa alguma, pois ainda por muitas existências, sempre apresentaremos defeitos sob algum aspecto. E como nem só de deficiências vivem os homens, todos nós temos muitos talentos a serem cada vez mais desenvolvidos, dos quais devemos nos orgulhar sempre.

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