sexta-feira, 27 de novembro de 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

A ERA DA FELICIDADE AO ALCANCE DE TODOS

A ERA DA FELICIDADE AO ALCANCE DE TODOS
Pilar Casagrande

A Natureza em festa anuncia a chegada da Primavera, que renova os escombros com flores miúdas e reverdece a terra antes crestada e triste. O arrebentar de cores e a explosão de perfumes no ar, oferecendo poentes em dourados.

A paisagem humana igualmente se apresenta enriquecida pelos júbilos dos cálidos dias de sol que chegam, a luz que clarifica sempre consegue fazer que esqueçamos a noite tenebrosa.

Ninguém é convocado ao sofrimento sem uma anterior causa justa, cada qual é, portanto, responsável pelo que lhe sucede, em razão da justiça das soberanas leis... A qualquer ação sempre corresponde uma reação equivalente e cessada a oportunidade de opção, se foi mal aproveitada, é aplicado no infrator o corretivo necessário, a fim de evitar-lhe danos mais graves na conduta.

Nós temos um poder muito grande nas mãos, nós somos o que pensamos. Somos o produto da nossa mente e se nossa mente é pessimista, nossas atitudes e suas conseqüências em nossa vida também serão pessimistas. Se tudo em nós é otimismo, então, o mundo à nossa volta torna-se colorido, alegre, cheio de vida. E nossa mente pode optar entre um e outro, podemos escolher!

A dor, a perda, a doença, a morte, a raiva, a angustia, o estresse e a depressão existem, mas na maioria das vezes, não na proporção a que estamos acostumados a vivenciá-los.

Sofremos mais do que é necessário, exageramos ainda mais os acontecimentos, por pior que eles sejam, até parece que gostamos de sofrer para que os outros vejam que estamos sofrendo.

Ninguém pode voltar ao passado para refazer a sua vida se o fato está consumado. E os seus sentimentos, a sua raiva, a sua angústia, a sua dor ou o seu sofrimento não vão mudar esta situação. Então, "sofra apenas o necessário"!

É impossível não chorar a perda de um parente, não ficar angustiado diante de uma doença ou da perda do emprego, mas não podemos morrer junto com o ente que se foi, não podemos ficar chorando e lamentando pelo desemprego, pela doença ou pela mentira que disseram a nosso respeito, precisamos reagir. A sua vida pode estar correndo um sério perigo e você deve lutar muito. Coragem!

Quando ficamos parados diante dos acontecimentos ruins, nossa mente pode nos levar para “o fundo do poço”. Precisamos segurar firme na corda e ir subindo, ainda que devagar, até sairmos do buraco.

Vamos precisar de ajuda nesta hora, alguém poderá nos ajudar puxando a corda. Busque a ajuda de um médico, de um amigo, de um sacerdote.

Não se isole nesta hora, pois a solidão só vai piorar ainda mais as coisas. Mas, se por acaso você sentir necessidade de ficar só, fique. Mas faça-o consciente de que esta solidão tem que ser temporária, só o tempo necessário para você se reorganizar.

Não deixe sua mente ficar te atormentando com pensamentos absurdos, com situações imaginárias que nunca vão acontecer, com o pessimismo, com a derrota, com a vergonha. Diga NÃO a tudo isso e busque ajuda, pois caminhar sozinho nesta hora não é uma boa idéia.

Muitas vezes não sofremos tanto pela morte de alguém, mas por causa de uma situação que ficou mal resolvida e não tivemos tempo ou coragem de enfrentá-la. Ás vezes o que me assusta não é o fato de ter ficado desempregado, mas o medo e a insegurança de ter que buscar um emprego novo. Nós não pensamos tanto na doença, mas na possibilidade de morrer. Pensamos e nos preocupamos com coisas absurdas, que sabemos, não vão acontecer. Cuidado! Não caia nesta armadilha.

É nesta hora que devemos usar o poder da nossa mente para nos ajudar, para torná-lo nosso aliado. Pensamento positivo, cabeça pra cima, ânimo, otimismo, coragem. O poder está em suas mãos!

A Natureza em festa anuncia a chegada da Primavera, que renova os escombros com flores miúdas e reverdece a terra antes crestada e triste. O arrebentar de cores e a explosão de perfumes no ar, oferecendo poentes em dourados.

A paisagem humana igualmente se apresenta enriquecida pelos júbilos dos cálidos dias de sol que chegam, a luz que clarifica sempre consegue fazer que esqueçamos a noite tenebrosa.

Ninguém é convocado ao sofrimento sem uma anterior causa justa, cada qual é, portanto, responsável pelo que lhe sucede, em razão da justiça das soberanas leis... A qualquer ação sempre corresponde uma reação equivalente e cessada a oportunidade de opção, se foi mal aproveitada, é aplicado no infrator o corretivo necessário, a fim de evitar-lhe danos mais graves na conduta.

Nós temos um poder muito grande nas mãos, nós somos o que pensamos. Somos o produto da nossa mente e se nossa mente é pessimista, nossas atitudes e suas conseqüências em nossa vida também serão pessimistas. Se tudo em nós é otimismo, então, o mundo à nossa volta torna-se colorido, alegre, cheio de vida. E nossa mente pode optar entre um e outro, podemos escolher!

A dor, a perda, a doença, a morte, a raiva, a angustia, o estresse e a depressão existem, mas na maioria das vezes, não na proporção a que estamos acostumados a vivenciá-los.

Sofremos mais do que é necessário, exageramos ainda mais os acontecimentos, por pior que eles sejam, até parece que gostamos de sofrer para que os outros vejam que estamos sofrendo.

Ninguém pode voltar ao passado para refazer a sua vida se o fato está consumado. E os seus sentimentos, a sua raiva, a sua angústia, a sua dor ou o seu sofrimento não vão mudar esta situação. Então, "sofra apenas o necessário"!

É impossível não chorar a perda de um parente, não ficar angustiado diante de uma doença ou da perda do emprego, mas não podemos morrer junto com o ente que se foi, não podemos ficar chorando e lamentando pelo desemprego, pela doença ou pela mentira que disseram a nosso respeito, precisamos reagir. A sua vida pode estar correndo um sério perigo e você deve lutar muito. Coragem!

Quando ficamos parados diante dos acontecimentos ruins, nossa mente pode nos levar para “o fundo do poço”. Precisamos segurar firme na corda e ir subindo, ainda que devagar, até sairmos do buraco.

Vamos precisar de ajuda nesta hora, alguém poderá nos ajudar puxando a corda. Busque a ajuda de um médico, de um amigo, de um sacerdote.

Não se isole nesta hora, pois a solidão só vai piorar ainda mais as coisas. Mas, se por acaso você sentir necessidade de ficar só, fique. Mas faça-o consciente de que esta solidão tem que ser temporária, só o tempo necessário para você se reorganizar.

Não deixe sua mente ficar te atormentando com pensamentos absurdos, com situações imaginárias que nunca vão acontecer, com o pessimismo, com a derrota, com a vergonha. Diga NÃO a tudo isso e busque ajuda, pois caminhar sozinho nesta hora não é uma boa idéia.

Muitas vezes não sofremos tanto pela morte de alguém, mas por causa de uma situação que ficou mal resolvida e não tivemos tempo ou coragem de enfrentá-la. Ás vezes o que me assusta não é o fato de ter ficado desempregado, mas o medo e a insegurança de ter que buscar um emprego novo. Nós não pensamos tanto na doença, mas na possibilidade de morrer. Pensamos e nos preocupamos com coisas absurdas, que sabemos, não vão acontecer. Cuidado! Não caia nesta armadilha.

É nesta hora que devemos usar o poder da nossa mente para nos ajudar, para torná-lo nosso aliado. Pensamento positivo, cabeça pra cima, ânimo, otimismo, coragem. O poder está em suas mãos!

A ARTE TEM SIDO PODEROSA ALIADA NA RECONSTRUÇÃO SOCIAL

A ARTE TEM SIDO PODEROSA ALIADA NA RECONSTRUÇÃO SOCIAL

Pilar Casagrande

A vida humana torna-se cada vez mais complexa e mecanizada, dividida e subdividida em classes e interesses. Tornando-se independente da vida dos outros homens, esquece-se daquilo que completa e une os seres humanos: o espírito coletivo.

A arte é a estrada que abre caminho para a chegada de novos valores políticos e morais. E também o mais importante veículo de afirmação cultural de um povo.

A fé, o amor e a paz são os anseios vitais do homem, mas enquanto se vê capaz de dominar a ciência e a tecnologia, afasta-se sempre mais do seu semelhante, sentindo-se-lhe escassearem as mais simples condições de vida. Desde o início dos tempos, lutando contra a complexidade e a mecanização humana está a Arte, elemento da vida espiritual de todos os povos, em todas as épocas. Configurando-se como a atividade que exprime cultura, sensibilidade e tradição, condicionada pelo seu tempo e representando a humanidade segundo idéias e aspirações, necessidades e esperanças, a Arte permite às comunidades explodirem seu poder criativo em várias manifestações.

No Modernismo, falava-se em arte na educação para o desenvolvimento da sensibilidade, mas poucos tentaram conceituar esta sensibilidade, deixando-se dominar pelo sentimentalismo. Hoje, principalmente, se aspira influir positivamente no desenvolvimento cultural e cognitivo dos estudantes por meio do ensino/aprendizagem da arte. Não podemos entender a cultura de um país sem conhecer sua produção artística. A arte, como uma linguagem aguça os sentidos, transmite significados que não podem ser veiculados por nenhuma outra linguagem, como a discursiva ou a científica. Dentre os gêneros artísticos, os visuais, tendo a imagem como matéria-prima, tornam possíveis também à visualização de quem somos, onde estamos e como sentimos.

As periferias são áreas desguarnecidas de monumentos e de qualquer outro tipo de interferências artísticas, nunca pensadas para as regiões suburbanas desconectadas de ações culturais (palestras, oficinas, workshops, shows, concertos, bibliotecas e museus) que dirimam, um pouco, o sofrimento destas áreas, tão sacrificadas pela falta de planejamento urbano. Isso é no mínimo curioso, porque cada vez que se fala em sociedade e em comunidade, se exclui, relegando-os aos subúrbios periféricos, justamente os que, além de constituir a parte numericamente maior da população são os protagonistas mais diretos da chamada função urbana.

Foram obtidos sucessos na ação com os excluídos, esquecidos ou desprivilegiados da sociedade trabalhando com arte e até ensinando às escolas formais a lição da arte como caminho para recuperar o que há de humano no ser humano.

Entretanto, precisamos ter muito cuidado com trabalhos de artistas que apenas exploram os pobres, fazendo-os trabalhar de graça em projetos totalmente definidos e controlados pelos próprios artistas.

Muitas vezes, apesar das boas intenções, porque não sabem lidar com a comunidade ou com aprendizagem de arte, acrescentam mais um nível de exploração aos já tão explorados. É necessário conhecer e analisar o processo de trabalho de artistas em comunidade para avaliar e julgar com sua propriedade.

Lidar com excluídos, levando-os a se verem como pessoas, apesar da exclusão, não é tarefa fácil, pois qualquer deslize potencializa a exclusão. Mas, apesar de algumas vezes submetido a certo marketing sanguessuga, o movimento de arte para a reconstrução social vem demonstrando a necessidade da arte para todos os seres humanos, por mais inumanas que tenham sido as condições que a vida lhes impôs.

A ARTE DE OUVIR ANTES DE FALAR

A ARTE DE OUVIR ANTES DE FALAR

Pilar Casagrande

Para falar bem não basta uma boca, pois tem gente que, não sabendo usá-la, tem feito um grande estrago com o que diz. Da mesma forma, não basta um par de olhos para saber ver bem, pois muitos olham, olham e não conseguem ver o que só poucos descobrem. E esses “poucos”, com suas descobertas, acabam inovando e revolucionando o mundo. A mesma coisa se dá com nossos ouvidos.

A questão é quão bem você ouve, pois ouvir é uma coisa, compreender o que se ouve é totalmente diferente. Saber ouvir leva tempo, prática, paciência e requer a capacidade de ficar quieto e deixar a outra pessoa falar por quanto tempo for necessário, mesmo quando naquele momento sua mente já esteja iniciando um raciocínio, ou uma contra-argumentação.

Ouvir bem significa que ouvimos com nosso corpo e coração, a ponto de sentirmos o que está sendo dito. Quando nós realmente ouvimos, criamos uma conexão entre nós e o outro; uma ligação invisível que nos conecta e nos permite entrar profundo na pessoa e melhor entender quem ela é e o que deseja, conhecemos seu interior.

O ato de ouvir é uma arte, algo fascinante e gratuito, mas infelizmente nos esquecemos disto com freqüência. Ouvimos pouco nossos filhos, nossos amigos e as pessoas com as quais convivemos diariamente.

Vivemos em uma comunidade que valoriza a informação; no entanto, temos sempre tão pouco tempo e disponibilidade para simplesmente ouvir o outro.

No silêncio das crianças há um programa de vida: sonhos. É dos sonhos que nasce a inteligência, que é a ferramenta que o corpo usa para transformar os seus sonhos em realidade. É preciso escutar as crianças para que a sua inteligência desabroche.

Ouvir é importante em primeiro lugar, porque o ato de ouvir carrega em si uma energia intensa, criativa e as pessoas às quais recorremos quando precisamos de ajuda são justamente aquelas que têm a disponibilidade para nos ouvir incondicionalmente, sem julgamentos ou interrupções. Em segundo lugar, porque ao contarmos um problema a um ouvinte atento, conseguimos muitas vezes achar algum tipo de resposta para nós mesmos.

Quando somos ouvidos, as idéias começam a brotar dentro de nós, inspirando-nos certa confiança e permitindo que desabrochemos como indivíduos. Se alguém ri de suas piadas, você se torna cada vez mais engraçado e motivado a continuar entretendo as pessoas. Este é o princípio do bom ouvinte, proporcionar uma troca de energia que nos reabastece para que não nos cansemos de ouvir o outro.

Qualquer um de nós pode ser um bom ouvinte, porque temos dentro de nós essa capacidade criativa de ouvir. Muitas vezes, porém, esta qualidade desaparece atrás de uma rotina cansativa, de muito trabalho e da necessidade absurda de "fazermos tudo ao mesmo tempo agora".

O resultado deste estresse diário é que passamos a perceber a vida a partir das bordas externas e não de nosso centro criativo, aquele que realmente dá sentido à nossa existência e nos faz continuar caminhando por vontade e não por obrigação.

É crescente o coro dos que acreditam que um amigo pode fazer a diferença no mundo. E a amizade ajuda não apenas a viver mais, como a viver melhor. Quanto mais amigos, mais chances de chegarmos à velhice sem problemas físicos e com maior capacidade de adaptação e aceitação das dificuldades inerentes ao envelhecer. Do contrário, pessoas que não têm amigos, são mais vulneráveis a doenças.

Assuma, hoje mesmo, um compromisso de ouvir melhor. Pratique ouvir o que os outros dizem, foque na outra pessoa, no que ela tem a dizer, não em você mesmo. Veja se você pode ouvir não só o que está sendo dito, mas também o que não está sendo dito. Sinta a conexão criada com a outra pessoa. Tornar-se um melhor ouvinte requer prática, entretanto você abrirá um novo e fascinante mundo de conhecimento. Ouvir nos ajuda a entender melhor os outros e a nós mesmos.

PARA O CORAÇÃO O PASSADO É TÃO SOMENTE UMA LIÇÃO

PARA O CORAÇÃO O PASSADO É TÃO SOMENTE UMA LIÇÃO

Pilar Casagrande

Quantas vezes nos sentimos perdidos e o coração nos resgatou? É ele que nos mostra o amor tão procurado e que nos indica tudo o que é preciso para ser feliz. E, por mais que isso incomode, ele está sempre certo. Não escutá-lo é dar as costas para a realização.

Tonalizadas pelo coração, as paisagens mais sombrias assumem matrizes brilhantes e coloridos; os eventos do cotidiano tornam-se especiais; e o ambiente em nossa volta transforma-se na habitação da felicidade.

A filtragem do coração faz com que paixões descontroladas se transmutem em sentimentos nobres e construtivos. Com o seu toque, ele revela o essencial em tudo o que existe. Quando permitimos que o encantamento do coração invada por inteiro o nosso viver, tornamo-nos cativantes, pois o magnetismo mágico irradiado por tudo o que fazemos, pensamos e dizemos, fascina a todos que encontramos.

Tudo o que tem a marca do coração da certo. As palavras que nascem no coração conseguem estabelecer uma comunicação perfeita, pois atingem diretamente a alma das outras pessoas.

O coração nos conduz com segurança ao nosso destino, basta confiar nele, pois só os seus olhos enxergam para além dos horizontes imediatos. Ele sabe que podemos realizar os nossos sonhos, pois conhece tudo aquilo que mais desejamos. Por isso, a cada instante, ele nos dá a força para continuarmos lutando...

O coração trás dentro de si todos aqueles a quem ama, sem desejar dominar ninguém. Para ele, não existe posse ou manutenção, pois o amanhã é apenas esperança; e também não existe melancolia ou lamentação, pois o passado é tão somente uma lição. Para o coração só existe o agora.

As razões do coração são as mais doces e o que é insignificante aos olhos do mundo, o coração considera importante. Para ele, uma flor é um tesouro; o orvalho é uma bênção; um sorriso é a beleza em sua forma mais perfeita; e uma hora ao lado de quem se ama é igual há mil anos.

O coração é fiel às leis que regem o universo e à harmonia presente em tudo o que existe. A sabedoria do coração pode parecer tolice, pois ela se apóia em princípios muito simples. Em sua singeleza, porém, está a cura para todos os males do homem e do mundo.

O coração é infalível, porque não julga o outro pelas aparências, mas conhece por inteiro o processo de cada um. Para o coração o melhor momento é o momento oportuno. Assim, ele o espera com tranqüilidade e confiança, pois conhece a mecânica da vida, que privilegia apenas quem está no caminho do bem...

Ao coração só interessa seguir a sua própria natureza. Para ele, prêmios e castigos não fazem sentido algum. Ele jamais é egoísta, volúvel ou desrespeitoso, e a sua alegria está em ser verdadeiro e puro. E sempre é o mesmo, não envelhece, nem se deixa envolver por angustias e perturbações.

O coração é algo indestrutível. Nada pode macular a sua essência, pois ele basta a si mesmo. Ele determina o curso de nossas vidas. Seguir ou não esse curso é algo que nos cabe decidir. É bom lembrar, contudo, que ele não é responsável por nossas escolhas erradas.

O coração é sublime legado de Deus para cada um de seus filhos e por maiores que sejam os descaminhos, ele está sempre lá para orientar; por piores que sejam as dores, ele está sempre disposto a consolar; e por mais longa que seja a jornada, ele estará sempre presente para trilhá-la conosco. Ouvir o coração significa atende-lo, mesmo sem entender completamente os seus motivos...

FENÔMENO DENOMINADO ADULTESCÊNCIA

FENÔMENO DENOMINADO ADULTESCÊNCIA

Pilar Casagrande

Hoje, a maioria das pessoas desse mundo é jovem. Trata-se não da juventude do corpo, mas sim de estado de espírito e, conseqüentemente, de comportamento. Basta olharmos ao redor para acharmos cinqüentões freqüentando academias; mães compartilhando roupas com as filhas adolescentes; avós esportistas; coroas com tatuagens espalhadas pelo corpo, indo para baladas; e um monte de gente com cerca de 30 anos, já formada, que ainda mora com os pais. Esses exemplos são evidências de que a linha que divide a adolescência da fase adulta está cada vez mais tênue. Essa tendência, que vem sendo bastante analisada e discutida por estudiosos, já foi batizada com o nome de adultescência. Alguns a vêem com olhos preocupados, alegando que os adultescentes são pessoas com dificuldade de aceitar que a juventude já se foi. Por outro lado, outros acreditam que manter uma essência adolescente não só é benéfico como essencial para viver em bem-estar e se adaptar às mudanças que ocorrem com tanta rapidez na sociedade pós-moderna.

Não é à toa que hoje conseguimos, sem grandes dificuldades, identificar adultos que, em muitos momentos, se comportam tal como adolescentes e jovens. É sinal de que mudanças significativas ocorreram na sociedade, de uns tempos para cá. É cada vez mais tardia a independência econômica, o que faz com que muitos jovens adultos permaneçam dependentes dos pais, principalmente nas classes sociais mais elevadas.

O mercado acirrado e as constantes inovações a que os profissionais precisam se adaptar contribui para que os adultos demorem a construir uma família. Talvez por estarmos passando para um modelo social onde o Estado adota cada vez mais funções que antes eram responsabilidades do cidadão. O âmbito de decisão de um adulto está cada vez mais limitado pelo Estado, que de algum modo se transforma em pai dos cidadãos. Mesmo quem já viveu a entrada no mercado de trabalho há tempos não escapa de se comportar como um jovem adolescente. Hoje em dia, não tem idade limite para se divertir, fazer esportes, namorar e até chutar o balde, de vez em quando.

Apesar de admitir que a maturidade adquirida ao longo dos anos me proporcionou muita paz, acho que ter um quê de adolescente é essencial. Depois que nos tornamos adulto e enfrentamos as dificuldades da vida para sobreviver e criar os filhos, não tem jeito, a gente muda. E quem não souber lidar com isso acaba se tornando rabugento ou triste. Eu gosto de estar ao lado de gente light, alegre, feliz, descontraída e espontânea.

Como tudo nessa vida, a tendência do adulto de se comportar como adolescente tem lados positivos e negativos. Como jovens são sempre mais flexíveis quanto a idéias, acho que é positivo que as pessoas não se acomodem e procurem cuidar mais da saúde nessa luta contra o envelhecimento. Por outro lado, não assumir responsabilidades e não aceitar o passar dos anos é algo negativo. Isso ocorre com mais freqüência.

Infelizmente, a nossa cultura valoriza em demasia a juventude e o envelhecer está associado a idéias extremamente negativas, como doença, pobreza, falta de flexibilidade, etc. Se valorizássemos a experiência e a maturidade emocional que são frutos da vivência, não teríamos tanto medo de envelhecer.

Saber dosar o espírito adolescente com os princípios da vida adulta, sem deixar a balança pesar nem pra um lado nem pra outro, é, provavelmente, o grande segredo. Para um adulto, o maior atrativo da adolescência talvez seja esse fugir das responsabilidades. Ser adulto significa planejar, calcular, trabalhar. Só que os planos nem sempre dão certo. Às vezes, os grandes projetos trazem grandes decepções, ou até mesmo quando tudo sai conforme o planejado, a vida parece não ter todo aquele sentido que acreditávamos que teria. E a rotina de trabalho é sufocante. Então há a tentação de voltar para a adolescência, desfrutar do instante presente, buscar novas experiências, experimentar a excitação do momento, sem se preocupar com mais nada. Mas, a dificuldade está em poder ser adulto e, ao mesmo tempo, adolescente sem que isso signifique uma fuga das responsabilidades com a família, com o trabalho e com a sociedade.

Parece que, na verdade, o grande segredo não é saber quais e quantos compromissos jogar para o alto. Mas sim, ser um adulto completo, capaz de cumprir com todas as suas obrigações, mas vivenciando-as de uma forma diferente, enfrentando as responsabilidades com flexibilidade.

E SE O SILÊNCIO FOR A MELHOR FORMA DE ESQUECIMENTO?

E SE O SILÊNCIO FOR A MELHOR FORMA DE ESQUECIMENTO?

Pilar Casagrande

As palavras ainda me saem dos dedos com o tremor de quem foi apanhado de surpresa e não teve tempo sequer para pensar em probabilidades. Entraste sem bater e quase sem que eu notasse, sem sequer fazer esforço me desenhaste um sorriso no rosto que teimava em crescer cada vez que o meu olhar te encontrava e foi com a simplicidade das coisas comuns que tornaste os meus dias mais curtos. Não me deixaste espaço para decidir, mesmo sem tentares as horas passaram a ser tuas, as noites também e eu não tive oportunidade para escolher. Tu foste o anjo que me colocou de pé quando as minhas asas se esqueceram de que podiam voar, mostraste-me que o futuro podia ser agora, não me destes outra hipótese e eu não lutei contra as constantes aparições do teu rosto no meu pensamento.

Ainda procuro as palavras certas, ainda não houve tempo para passar a tua luz para o papel, mas posso dizer-te que brilhavas como nunca tinha visto ninguém brilhar, que era impossível não sorrir perante a força do teu sorriso contra o azul do céu no fundo. Era inevitável a força que transmitias com um olhar quase tão simples como tu, foi-me inevitável seguir os teus passos sem que tivesses de me dizer uma palavra. Ainda procuro as palavras certas, o que dizer de alguém que sempre que via era como se fosse a primeira vez, de alguém que me levou a voar sem asas, que me ensinou algo diferente a cada dia, que me fez voltar a sonhar, que era tão simples, mas ao mesmo tempo tão pouco comum, que pedia tão pouco, mas tinha sempre tanto para dar.

Não posso dizer-te mais, apenas que me completavas, deste-me um novo sentido da realidade e me mostraste um lado da vida que desconhecia, apenas posso dizer-te que cada dia contigo era uma lição aprendida e um sonho tornado realidade. Deste a volta por cima às certezas que eu tinha e, que ainda tento perceber como foi que entraste em minha vida, tão depressa, sem pedir licença nem esperar que eu deixasse, fizeste-me dar o braço a torcer e talvez te tenha mesmo convidado a entrar...

Consumiste o tempo que te entreguei em mãos como se fosse teu. A tua sede de amar, os momentos, os laços cortados com a pressa de uma palavra rasgada ao vento. Então, quis ver-me livre de ti assim que me foi possível. E se alguma vez disse que te amava, hoje te digo que o amor não tem de ser eterno, que nós é que nos iludimos, digo-te que há outro sorriso no lugar do teu e que, afinal, eu não precisava de ti... É dura a escolha que fazemos do destino, eu escolhi nunca mais te querer a meu lado, pois vezes demais a vida me doeu por tua causa. E se, por vezes, me fizeste sorrir e o teu riso ainda ecoa na distância do caminho, foram muitas às vezes em que escondi de ti as lágrimas que desfiava ao luar. Então eu desisti, como se desiste de um jogo antes de se perder, larguei a tua mão, com o pouco que me restava, e fiz o meu caminho, mesmo sem saber em que esquinas virar, pois qualquer rua é melhor do que a estrada que percorri contigo. E porque já não me és quase nada senão pena, o teu rosto longe de mim como nunca, já não me serves de sol nos dias de chuva, nem de abraço nas noites frias. Eu já não preciso de ti como sempre pensei que precisava, afinal não eras tudo...

Angustia-me a pressa dos dias com que te apago do coração. A pontaria das palavras, o tiro certeiro com que as soltavas, uma a uma, nas minhas mãos, a destreza com que me desfiz de tudo o que era teu. Eu não vou voltar atrás, pois aprendi a andar sem que me leves pela mão.

A chuva já não me traz restos de nós e eu sei que o meu tempo, agora, é todo meu. O tempo passa e, embora não cure tudo, secou as lágrimas que nunca caíram a seu devido tempo. Foi tudo tão urgente que o tempo passou por nós e só ficaram as lições, e eu aprendi que não se toca o céu com os pés ainda no chão. Se o tempo tem vantagens, as lições são uma delas, mesmo decoradas à força nas noites em que o vento se arrasta por um passado que durou tempo demais ou por um futuro que nunca chega como esperado...

Se o tempo tem vantagens, as lições são uma delas, mesmo decoradas à força nas noites em que o vento se arrasta por um passado que durou tempo demais, por um futuro que nunca chega como esperado... Eu aprendi que não se toca o céu com os pés ainda no chão!

Sorriste demais e vezes demais eu te pensei indispensável, mas indispensável é sonhar, indispensável é sorrir quando nada mais nos resta, é pensar no céu e ver sempre uma estrela; indispensável é fechar os olhos à noite com a tranqüilidade de uma lembrança e perceber que o tempo não dá tempo de esperar por ninguém...Urgente é sonhar o tempo todo sem que ninguém nos interrompa a paz que um sonho demora a construir...

sábado, 14 de novembro de 2009

CRIANDO A ILUSÓRIA IMPRESSÃO DE SERENIDADE

CRIANDO A ILUSÓRIA IMPRESSÃO DE SERENIDADE
Pilar Casagrande

Chegamos a um dos maiores paradoxos de nossas vidas; seguir todo o seu desejo e instinto, vivendo uma vida de inúmeros transtornos seguidos, tendo que guerrear para conseguir ter o mínimo de seu ambiente, adaptar-se "socialmente" ao ambiente, escondendo-se em sucessivas mentiras, tentando enganar a si mesmo ao mesmo tempo em que vive enganando todos a sua volta, ou, tolher a manifestação dessa energia negativa correndo o risco de criar uma incurável doença a si mesmo... Cabe a cada um, achar um meio termo plausível para sobreviver a essas questões.

Temos muita tristeza acumulada dentro de nós; todos somos loucos, neuróticos, desequilibrados, desorientados e os piores entre nós são exatamente os que pensam ser lúcidos, criando a ilusória impressão de serenidade, que não passa de preconceito cristalizado das percepções do seu ambiente.

Você deve moldar o seu ambiente, só você tem capacidade para isso. Mas, a maioria das pessoas deixa-se ser amoldado pelo ambiente, adaptando-se a tudo, sendo apenas mais um da sua rua, do seu bairro e da sua cidade. Mais um, entre tantos insignificantes que vivem à nossa volta, e sequer sabemos o seu nome. Todos em sua pose, ostentando a empáfia de sua pequenez, exibindo-se ao público escondidos em suas posses materiais. Tudo isso, apenas para esconder o vazio de suas idéias, e a futilidade de suas emoções.

É fácil para mim, já mais do que (mal)criada, com a maioria dos meus preconceitos arraigados, com a vida definida, depois de ter ganhado meu espaço após muitos e muitos gritos; muitas e muitas brigas, e com uma razoável vivência sobre o mundo que me cerca.

Hoje vejo o que aconteceu com todos aqueles que me afetaram, e concluo que conseguiram muito pouco em todo esse tempo. Observo pessoas educadas e bem vestidas em seus carros lustrosos e bem lavados, com olhar de medo e um imenso vazio de idéias e sentimentos... Hoje vejo a conseqüência do veneno destilado das maledicências, nas inúmeras pessoas que já partiram "vítimas" de doenças terríveis.

Não há critérios e cada pessoa gosta daquilo que você desperta nela, apenas isso!

Gostar ou odiar alguém é subjetivo, você gosta ou odeia os sentimentos que uma pessoa é capaz de lhe provocar. Isso explica porque grandes amantes viram inimigos mortais.

A dualidade está em tudo, a começar por nossos sentimentos, pois uma pessoa que nos atraiu demais em outros tempos, hoje pode nos causar repugnância.

Ser calmo é manter o estado de calma e o oposto de estar nervoso, agitado, irritando ou stressado. Acho que apenas os cadáveres são calmos. Então, tolerar é o mesmo que suportar, calar, engolir, deixar pra lá. Mas, acontece que o deixa pra lá não resolve e você só saberá que está pisando no meu pé se eu te disser.
Não existe problema insolúvel, o que existe são dois modos de resolver as coisas, por bem ou por mal. Infelizmente a maioria das pessoas é muito ignorante e intransigente!

O caminho do entendimento ainda é o menos procurado e, muitos ainda querem resolver prejudicando as outras partes envolvidas; como se, sua vitória na vida, dependesse de derrubar o outro a qualquer custo. Mesmo que esse custo lhe traga mais transtornos do que ganhos.

A maioria das pessoas não busca a sua vitória e nem tampouco levantar a si mesmo, porque a maioria se despende a querer derrubar quem está em situação melhor. Se você está triste, ninguém irá se importar. Se você não tem nem o que comer, ninguém irá se importar. Mas se você estiver alegre e de bolso cheio, juntarão inúmeros parasitas a sua volta querendo sugar de você o que puderem.

A sua vida é problema seu, e ninguém está interessado em saber dos seus problemas... Boa ou ruim, depende da maneira como digerimos nossos sentimentos. Certo ou errado, depende da maneira como conseguimos enxergar a nossa vida, e quebrar nossos próprios preconceitos. Útil ou nocivo, depende do quanto acrescenta ou prejudica o TODO!

CONCLUIR QUE A MELHOR OPÇÃO É CAIR FORA NÃO É NADA FÁCIL

CONCLUIR QUE A MELHOR OPÇÃO É CAIR FORA NÃO É NADA FÁCIL

Pilar Casagrande

A mente deseja ter sempre mais do que está disponível. Se ela não consegue obter mais, ela então produz fantasias e imaginações e as projeta sobre o mundo. É necessário compreender de uma vez por todas que “mais” não é “melhor”. É impossível chegar ao fim de “mais”, sempre há algo que está mais além. Mas com certeza é possível chegar ao fim de “menos”, que é uma abordagem muito mais inteligente. Quantas vezes na vida não tivemos que desistir de algo para ir a busca de coisas novas?

Há certos momentos em que o melhor a fazer é tirar nosso time de campo, jogar a toalha, dizer adeus, ou simplesmente partir para outra; outro trabalho, outros conceitos, outra pessoa, outra cidade, enfim outra vida.

O princípio de todo aprendizado consiste em conhecer nossos erros e falhas de julgamento. Concluir que a melhor opção é cair fora não é nada fácil. Acreditamos, lutamos e perseguimos, com todo nosso amor e nosso ódio, a tudo que almejamos; porém, no meio desse caminho, aprendemos coisas novas, absorvemos novos parâmetros, e nosso coração assimila todas as emoções e aflições inerentes a essa busca.

A vida é uma constante luta contra nós mesmos, somos impelidos a buscar nossos caminhos e criar soluções a nossos problemas mais íntimos. Só não podemos desistir da vida... Mas, e o resto? Nada nessa vida é fácil. Só é fácil quando já adquirimos habilidade de tanto ter realizado. Qualquer coisa só se torna fácil se dermos o primeiro passo, nos esforçarmos em aprender, e praticarmos constantemente.

Há momentos em que temos que desistir para provar a nós mesmos nossa coragem para virar a mesa na intenção de ganhar o jogo, esse cruel e intrínseco jogo que a vida nos impõe de maneira inexorável.

Em alguns casos é possível somente adiar determinado projeto por falta de certos recursos no momento, mas em outros, o melhor a fazer é desistir de vez da idéia, nos desapegarmos completamente do dinheiro gasto e da dedicação despedida nesse intento que não rendeu os frutos esperados.

Além da coragem, precisamos de desprendimento para desistir. E para isso, abandonamos de vez os esforços, os investimentos e o pensamento que nos prendia a esse projeto duvidoso, caindo no vazio, um vácuo tremendo que se forma em nossos corações. Esse vácuo é o maior perigo de nossas vidas, pois todo vácuo é sempre preenchido por "algo" e esse algo pode ser imensamente danoso a nós.

Quando ainda pensamos em desistir buscamos as opiniões de quem está a nossa volta, que na maioria das vezes nos deprime ainda mais. Nos perdemos mais ainda em nossas dúvidas, nos confundimos além do que já estamos, restando-nos somente apelar para a premissa que sempre ouvimos, mas nunca nos atentamos a ela: escute seu coração, faça o que ele mandar! Teu coração é teu guia.

Devemos sempre lutar e ter visão positiva para alcançar o que almejamos, porém também temos que ter censo crítico para reconhecer nossos limites, coração aberto para sentir quando determinados caminhos não nos agradam e, o mais importante, humildade para reconhecer nossos erros e falhas de julgamento.

Devemos, a partir de agora começar a desistir de tudo o que tolhe nossa compreensão e nossa capacidade: das críticas mordazes, da visão pessimista, do ódio, do desejo de vingança, da maldade, da injustiça, da injúria sem propósito, da pobreza da alma, do preconceito de um modo geral, do egoísmo extremo, das exigências excessivas, do comodismo e de tudo aquilo que nos impede de seguir adiante.

Desistir não é ser derrotado, mas sair de um jogo aonde nossa vitória nos trará mais aborrecimentos do que alegrias. Desistir de algo deve ser apenas uma mudança de rota ou de objetivo, mas nunca uma entrega ao fracasso. Desistir é necessário.

CADA QUAL TEM UMA MANEIRA DIFERENTE DE AMAR

CADA QUAL TEM UMA MANEIRA DIFERENTE DE AMAR

Pilar Casagrande

Se nós somos românticos e carinhosos, não podemos exigir que todos o sejam, pois existem pessoas capazes de amar intensamente, sem o declararem...É uma questão de personalidade, e se amamos alguém, temos que amar apesar de ser como é, e não porque ele preenche todas nossas necessidades, idéias e ideais. Isso é meio utópico. E talvez seja esse o motivo porque tanta gente passa pela vida sem "encontrar" o amor. Possivelmente muitas vezes o teve ao alcance das mãos, mas não soube "vê-lo".

A vida sempre nos coloca pessoas e situações que derrubam muito das definições primordiais que temos. Só acreditamos naquilo que temos conhecimento de sua existência. Muitos ainda não acreditam em amor porque nunca tiveram a oportunidade de desfrutar sequer um mínimo do que isso seja. Outros ignoram a paixão por temer as dores já sentidas em suas relações anteriores. E, em muitos momentos, que chegamos a descrer da possibilidade de vivermos os melhores sentimentos que podemos ter. A vida nos mostra que ainda nos falta conhecer um pouco mais sobre nós mesmos.

Todos os nossos sentimentos existem dentro de nós, embora muitos estejam sufocados. E, os mais saudáveis deles encontram-se, adormecidos na maioria das vezes. Sentimento não tem critério nem tem escolha, ele apenas se manifesta, surta. Aparece do nada... Simplesmente sentimos essas energias de acordo com as relações que mantemos e as situações em que vivemos. Nunca sabemos o que iremos sentir, nunca saberemos quem irá tocar nossos sentimentos de um modo diferente do que qualquer outro tenha conseguido. Ignoramos completamente os sentimentos que nunca experimentamos, e por causa disso, pensamos que eles não existem. Chegando a achar que sejam apenas devaneios de poetas depressivos...

A natureza é sábia, e nos mostra nesses momentos que não estamos sozinhos em nossa luta. Nos momentos cruciais, em que chegamos ao ápice do desânimo, quando a depressão começa a aproximar-se, o vazio a "ocupar um espaço" maior do que o tolerável. Surge alguém que mexe com nossos sentimentos de um modo diferente.

Num momento em que criticava tantos cascalhos que me apareceram, descubro uma pedra valiosa que me recompensa todo cascalho que tive de revirar. Reconhecemos muitas semelhanças no que pensamos, sentimos e desejamos. Uma mútua admiração que reforça ainda mais o carinho que temos. Um turbilhão de emoções nos faz levantar muitas poeiras do passado que ainda incomodam, perdemos nosso pudor quando dizemos tudo o que estamos sentindo. Apenas somos sinceros, loucos da pior espécie, que se atrevem a manifestar o que sentem e dizer o que pensam. Talvez por isso nos queremos tanto!

É preciso acreditar no amor que temos em nossos corações, mesmo que ele esteja silencioso e sufocado em meio a um ambiente turbulento. É preciso acreditar na paixão, mesmo que suas paixões anteriores tenham trazido muitas dores consigo. É preciso dar liberdade para que possamos ser o melhor par de quem amamos. Sem acreditar no amor, a vida perde todo o seu sentido...

Não há linearidade na evolução de nossos sentimentos, temos que sorrir e também temos que chorar muitas vezes para entendermos a complexidade que a mente humana cria para si mesmo. Temos que chorar e nos decepcionar para compreendermos nossas fraquezas. Temos que dar, sempre o melhor de nós, para a pessoa que nos alegra por ser do jeito que é. Temos que plantar sorrisos para colhermos alegrias. Temos que nos calar das críticas para deixarmos de poluir as energias de nosso próprio ser. Temos que dar mais carinho porque as feridas são muitas. Temos que viver porque é a única coisa que temos a fazer na vida. Temos que amar para darmos um sentido às nossas vidas e termos capacidade de amar ainda mais...

BUSCAMOS MEDIR O QUE NOS É INCOMENSURÁVEL

BUSCAMOS MEDIR O QUE NOS É INCOMENSURÁVEL

Pilar Casagrande

É curioso como muitos se confundem, pois vamos partir de um princípio bem básico; a maioria de nós preocupa-se muito em ganhar mais dinheiro, é normal. Mas esquecemos, quase sempre, de perguntar: Pra quê?

Todos nós desejamos ser ricos; ou, ao menos, "aumentar" o nosso nível de vida. Preocupamo-nos demasiadamente com a quantidade de dinheiro, de investimentos, de bens, propriedades e defendemos nossos conceitos, convicções e ambições com toda a força e energia que temos. Fazemos o impossível, cometemos um crime, se necessário, corrompemos nossa moral íntima e qualquer meio justifica o fim, pois o objetivo e o que importa é realizar o que ambicionamos. Mesmo que, para isso, tenhamos que nos prostituir, nos amoldar, nos adequar, nos restringir, nos sufocar, ou seja; matar o ímpeto que carregamos dentro de nós; cegar o brilho de nossos olhos, deixar-nos ser invadidos e abusados em nossa intimidade, tão somente para valer as "regras do jogo!"

Nos agredimos, deixamos de confiar em nós e nos flagelamos para adequarmos às situações e seremos sempre escravos das situações enquanto nossa mente e nossa consciência mantiverem o medo e o preconceito; que nos impede de brilhar, dentro do potencial que cada um tem dentro de si!

Buscamos medir o que nos é incomensurável, queremos sempre formular, padronizar, mitificar, estigmatizar, rotular, materializar. Marcar uma etiqueta em cada coisa e pessoa de nosso mundo...

Ainda estamos seriamente restritos em nossa visão, pois defendemos nossos arquétipos que herdamos de nossa "entrada" nesse mundo, brigamos e defendemos nossa mãe, zelamos pelo nome da nossa família, discutimos e brigamos pelo nosso time, pregamos e divulgamos nossa religião, contextualizamos ideologias de nossa orientação política. Apenas defendemos bandeiras, símbolos, arquétipos criados dentro da mente de seus idealizadores, somados às mentes e sentimentos de seus simpatizantes.

Criamos nossa personalidade pelas bandeiras que levantamos e defendemos em nossas vidas, e nem sempre assumimos a responsabilidade em levantar nossa própria bandeira, nosso pensamento, nossos sentimentos; as atividades, as coisas, as pessoas e os lugares que nos agradam e tanto desejamos.

Caímos sempre no engodo de querer mesurar e rotular a tudo e a todos, ao mesmo tempo, que também exibimos nossos rótulos e buscamos uma mensuração de nosso ser, querendo materializar as coisas que não possuem formas: nossas alegrias e nossos sentimentos!

Não é a quantidade de anos ao lado de alguém, que pode determinar o quanto essa tenha sido proveitosa, não é a quantidade de dinheiro que você ganha de sua atividade profissional que irá dizer se você é bom ou não. Existem muitos profissionais picaretas, que fazer de suas atividades uma maneira de "arrancar" dinheiro dos incautos, e normalmente ganham bem.

Não é a quantidade de anos que você tem, que irão determinar que você sabe mais do que os outros, ou que tenha vivido melhor. Que adianta viver muitos anos, vivendo resignado e abafando os próprios sentimentos? Prefiro uma vida curta e intensa, aproveitando cada dia.

Que adianta ter dinheiro para ter um carro “caríssimo”, com tecnologia para andar confortavelmente a grandes velocidades, com rendimento muito superior aos outros carros e ter de encarar congestionamento na cidade, cheio de Uno, Fiesta, Pálio, Gol e Corsa e em volta?

Se nos despojarmos de nossas "bandeiras", dos personagens de nosso dia a dia. Dos nossos diplomas, títulos, prêmios, comendas, reconhecimentos, nossa fama, nossos cargos e “denominações”, que assumimos na vida, por alguns minutos durante o dia, para assumirmos nosso "ser", nos conscientizaremos de que: "tudo o que temos" nessa vida pouco importa!

O valor de uma vida, não é medido pelo seu poder monetário; mas pelo amor, carinho e pelas amizades, incondicionais que conquistamos.

Tendo na medida certa, podemos chegar a tudo que queremos e precisamos... Qualquer excesso é dispêndio e aborrecimento desnecessário... Não é o tamanho da sua obra... Mas a magnitude de suas conseqüências que poderão avaliar a sua importância...

AQUELES QUE FICAM NOS APONTANDO TUDO O QUE EXISTE DE ERRADO

AQUELES QUE FICAM NOS APONTANDO TUDO O QUE EXISTE DE ERRADO

Pilar Casagrande

Cada um de nós realiza segundo a capacidade de sua consciência. Só realizamos aquilo em que acreditamos, e só acreditamos no que nos sentimos aptos a desempenhar, e só nos sentimos seguros com a prática, e só chegamos à prática com exercício, dedicação e disciplina; ou seja, vontade de aprender.

O que mais perturba e incomoda quando fazemos qualquer coisa, são aqueles que ficam nos apontando tudo o que existe de errado, em muitas vezes sem ver nada de bom. Pior ainda é quando essas duras e ferrenhas críticas vêm de alguém que consideramos, pois acabamos dando uma importância muito maior a essa "outra visão" do que à nossa.

Toda obra e todo trabalho humano tem suas imperfeições, somos seres em busca de crescimento. Nossa vida é um eterno aprendizado; e o mundo, para nós, é tão somente o que cada um vive e capta dele.

Nosso pensamento é como um transmissor e receptor de ondas. Emanamos e, ao mesmo tempo, atraímos energias semelhantes à nossa; plasmamos as formas-pensamento em busca de formular essas idéias de modo material, daí a realização.

Executamos nosso trabalho, galgados em objetivos que afetam diretamente o nosso nível emocional. Nossas experiências nos causam inúmeros sentimentos e esses sentimentos criam poderosas energias que influem no ambiente à nossa volta.

Fazemos o que temos vontade, mas tudo na vida tem seu custo. Nossa mente se direciona ao que nos interessa. Quem tem interesse em criar, cria usando de toda sua emoção, conhecimento dedicação e capacidade de fazer... E faz! E comete muitos erros... Só não erra quem não faz nada. Quem não tenta, quem não busca; quem não vive, apenas sobrevive.

Quase todos seguem as trilhas prontas, apenas uns poucos se destacam ao buscar abrir sua "própria" trilha; esses cometem mais erros e tombos, porém conquista o "seu próprio" caminho. Para fazer diferente, você tem que ser a diferença!

É incrível como existem tantos que seguem as trilhas prontas da vida já sabendo aonde vai terminar, e o que acontece sempre diferente do planejado. Acostuma-se demais à mediocridade e a mesmice da vida. Até encontrar quem aja ou faça diferente.

A princípio a crítica sem muita informação ou embasamento num raciocínio razoável, em outras vezes atacando o aspecto pessoal do autor, em detrimento da idéia originalmente colocada.

É impressionante a quantidade de críticos que existem pra tudo nessa vida. E infelizmente essa mesma quantidade é inversamente proporcional àqueles que se dispõem a serem melhores, no sentido de trilhar seu próprio caminho e desenvolver-se sempre.

A maioria de nós é acomodada, pois gostamos é de sombra e água fresca. Mas, a vida passa muito rápida, e nós temos que viver cada minuto da melhor maneira. Tempo perdido é vida que se esvai inutilmente... E quanta gente perde seu tempo reclamando de tudo e de todos. E como é lamentável ver a situação da maioria dos críticos profissionais dessa vida.

Sempre é bom mensurarmos de quem vem a crítica e ao que se refere à mesma, pois a grande maioria dos críticos é incompetente para fazer melhor o que eles tanto enxergam como errado. É mais fácil e cômodo falar mal, difícil é superar quem está fazendo a diferença.

A crítica só poder ser considerada construtiva se vinda de alguém reconhecidamente ciente de suas colocações. Só aceito críticas vindas de pessoas que fazem trabalho semelhante e tem ciência do que diz. Só aceito críticas ao meu trabalho, vindas de quem esteja num nível acima do meu e já tenha realizado o que eu ainda planejo.

Falar é fácil, mas só tem autoridade para falar quem têm conhecimento empírico sobre o que está dizendo. Do contrário, são apenas conjecturas, suposições de quem vê a situação de fora, o ângulo mais fácil!

Seguir, as trilhas conhecidas, aonde vai a maioria é ser apenas mais um entre tantos...

Trilhar seu próprio caminho é ser você mesmo!

A SENSIBILIDADE D'ALMA REFLETE A BELEZA E A HARMONIA

A SENSIBILIDADE D'ALMA REFLETE A BELEZA E A HARMONIA

Pilar Casagrande

Beleza externa passa com o tempo, o que conta mesmo é o que há dentro de cada um, coisas simples como força, coragem, garra, luta e principalmente, a sensibilidade e a capacidade de doar amor.

É mais do que certo que realização profissional e conquistas materiais não são suficientes para fazer alguém feliz. A emoção sobrepõe-se a todas as outras conquistas. Ainda buscamos uma relação saudável, um companheiro para dividir cada momento da vida, alguém para trocar, acima de tudo, amor.

Quando listamos as qualidades que queremos encontrar nas pessoas com quem iremos nos relacionar vida afora, está lá a indispensável "sensibilidade". Queremos, e como queremos, que nosso namorado seja sensível e não um machista brucutu. Queremos que o patrão seja sensível e não um grosso. Queremos que nossa amiga seja sensível e não um dragão que cuspe fogo e passe por cima dos nossos sentimentos como um trator.

Encontrando sensibilidade já é meio-caminho andado para o entendimento. E sendo, nós mesmos, sensíveis, também é um filtro bem-vindo, pois é a sensibilidade que permite nossa comoção diante de um quadro, de uma música, de um amor que nos arrebata ou de uma perda irreversível. Admito que sinto uma certa inveja daquelas pessoas que são sensíveis, mas não se tornam vítimas da própria emoção. Porque sensibilidade demais esgota a gente.

Tem horas em que o filtro não filtra coisa nenhuma: permitindo que sejamos atingidos profundamente por coisas que mereceriam menos entrega. Cultivamos mágoas por coisas que nos aconteceram anos atrás e remoemos culpas que já foram mais que perdoadas e esquecidas, temos nosso sistema nervoso totalmente abalado porque alguém compreendeu mal nossas palavras, sofremos por questões insolúveis, e sofrer dá uma consistência à nossa vida, mas como cansa...

Às vezes me farto dos ideais que persigo e que, por serem ideais, nunca se concretizarão plenamente. A vida é defeituosa, imprevisível, nada é exatamente como a gente gostaria que fosse e sensibilidade é algo que faz a gente aceitar isso e ser feliz do mesmo jeito. Já sensibilidade demais dá nos nervos e fatiga a toa, e uma certa frieza nos faz andar mais rápido e não nos retém.

Como se mede, se pesa, se percebe a sensibilidade suficiente e a sensibilidade excessiva?

Sensibilidade suficiente refina você, lhe dá um foco na vida. Já a sensibilidade excessiva faz de você protagonista de um dramalhão mexicano. Temos escolha?

Não se escolhe, é o que se é. Os que são sensíveis na medida aproveitam a vida sem duras cobranças internas. Já a turma dos excessivos pega canetas, câmeras, pincéis, sapatilhas, instrumentos, e transforma o excesso em arte. Ou faz besteiras...

Cada um encontra onde colocar sua sensibilidade, uns com leveza, outros com pena de si mesmos. Os únicos que seguem não entendendo nada são os insensíveis...

Algumas pessoas podem dizer que isso não acontece com elas, são realizadas, têm um bom emprego ou negócio próprio. Mas, será que são felizes em sua relação afetiva? São correspondidas em seu amor? Devemos lembrar, que muitas vezes a imagem de alguém independente, livre, pode ser apenas superficial para proteger um lado emocional frágil e machucado.

Alguém que saiba reconhecer que além de um corpo ou rosto bonito, existe um ser humano com sentimentos, que chora, reclama, pede, espera, mas também acolhe, cuida, torce e deseja acima de tudo, troca. Afinal, somos capazes de parar seja o que for e lembrarmos de dar um telefonema só para que o outro se sinta importante. Somos capazes de, mesmo cansadas, lembrar de dar um abraço e perguntar como foi o dia, mesmo que o próprio tenha sido péssimo. É, somos capazes, acima de tudo, de ter amor próprio.

Por isso e muito mais é que temos que continuar demonstrando o que sentimos, sem negações, fugas ou culpas. Quando nós acreditarmos em nós, não permitiremos mais sonhos vazios, relações doentes, falta de respeito e amor...Nesse momento seremos capazes de nos amarmos e estaremos finalmente livres para amar e ser amada. Enfim, sermos felizes!

A PAIXÃO NÃO SOBREVIVE DIANTE DAS PRIMEIRAS FRUSTRAÇÕES

A PAIXÃO NÃO SOBREVIVE DIANTE DAS PRIMEIRAS FRUSTRAÇÕES

Pilar Casagrande

Quem pensa que os acessos de paixonite estavam reservados somente para as mocinhas da renascença e às páginas dos grandes romances, errou!

As histórias proliferam-se nos dias de hoje e estão aí para mostrar do que o ser humano é capaz quando está com a "química alterada". Parece que quando o coração fala mais alto, qualquer razão desaparece. Mas a paixão não é um sentimento restrito ao coração: as maiores revoluções acontecem mesmo em nossos cérebros.

Você passa o dia inteiro sorrindo à toa, com o olhar perdido. Sua conta bancária pode estar no vermelho, e lá fora estar caindo o maior toró, que seu humor não muda. Só de pensar na pessoa amada, já dá um frio na espinha, uma sensação de aconchego. Mas, não confunda esse sentimento de que o mundo pode entrar em guerra e você nem se abala, não é amor. Se sua cabeça está nas nuvens e você conta as horas para estar com a pessoa amada, você foi fisgada pela paixão.

A paixão desmedida não é apenas um sentimento intenso pelo outro, ativada por inúmeros mecanismos cerebrais, ela é responsável por excessos, euforia e até crimes.

Em meio a reações químicas, algumas substâncias são as responsáveis por uma série de sensações arrebatadoras, que nos deixam, literalmente, ardendo de paixão.

Tudo começa com a visão, a mais importante fonte de estimulação sexual. A forma de mover-se, um olhar, um gesto ou até mesmo a forma de vestir-se são estímulos mais fortes do que a contemplação pura e simples de um corpo nu.

O amor literalmente entra pelos olhos. E se o flerte começa com uma troca de olhares, por trás dele vão se desenrolando uma série de atividades cerebrais.

A primeira avaliação, através do olhar, ativa o neocórtex, especializado em selecionar e avaliar. Após a análise biológica, para termos certeza de que o outro é uma pessoa geneticamente saudável, partimos para a análise baseada em nossas experiências pessoais, e aí entram nossas preferências, e depois para a análise cultural, que é ditada pela sociedade e pelos padrões de beleza de nosso tempo. Se na renascença as gordinhas faziam sucesso com suas curvas, isso se deve à imagem de saúde e fortaleza que elas transmitiam, em uma época pontuada por escassez de alimentos e pragas.

Além da visão, o olfato é outro sentido fundamental neste processo. A paixão precisa de química, e o cheiro nessas horas é importantíssimo. Pode até não ser ruim, mas só de chegar perto você fica enjoada. Puro instinto, assim como acontece com os animais, que são atraídos pelo cio da fêmea. Apesar de controversa, a função dos ferormônios é defendida por muitos cientistas, que inclusive responsabilizam a substância pelos casos de amor à primeira vista, através da produção de sensações prazerosas. Mas será que a paixão é mesmo tão científica e previsível assim?

Para as apaixonadas de plantão, essas explicações podem parecer uma fria análise do amor, mas há quem dê inclusive prazo de validade para a paixão. De 18 e 30 meses, tempo mais do que suficiente para um casal se conhecer. Parece terrível? Com o tempo, o organismo vai se tornando resistente aos seus efeitos, e toda a loucura da paixão desvanece gradualmente. E é aí que o dilema começa. Passado o êxtase, um relacionamento pode sobreviver à realidade e à rotina do dia-a-dia?

A paixão pode durar pouco porque não sobrevive diante das primeiras frustrações, que abalam o ilusório mundo encantado de quem está apaixonado. Daí, resultam decepções, inevitáveis atritos e um progressivo desgaste do casal. Por mais lindo e sadio que seja, o estado de paixão intenso vai sofrendo sucessivas transformações ao longo do tempo.

A paixão vai dando lugar a um companheirismo para os bons e os maus momentos da vida, e se desenvolve um maior respeito, tolerância e consideração pelas diferenças entre eles, só Freud explica.

A EMPÁFIA É UM ORGULHO VÃO E DESMEDIDO

A EMPÁFIA É UM ORGULHO VÃO E DESMEDIDO

Pilar Casagrande

Arrogância é diferente de empáfia, portanto ter orgulho de si, da própria capacidade e de suas realizações é natural e necessário em nossas vidas, porque todas as nossas atitudes são motivadas por incentivos vindos de nossas emoções. É preciso despender nossas emoções além de nosso raciocínio e habilidade para que nosso trabalho seja feito da melhor maneira.Todas atividades que desempenhamos devem trazer uma satisfação emocional além do monetário para que possamos viver com qualidade, porém chegamos à grande dicotomia... O orgulho, em verdade, é um sentimento dúbio, sempre à beira dos limites e que pode tanto nos levar às alturas como nos fazer despencar num abismo sem fim. Assim, saber dosá-lo adequadamente é o nosso permanente desafio, já que este sentimento, como sinônimo de dignidade pessoal, é um dos ingredientes básicos da receita do sucesso e do fortalecimento da auto-estima; e, em sua contraparte, como conceito exacerbado de si mesmo, invariavelmente, resultará em atitudes egoístas.

Os que não possuem orgulho, em seu sentido positivo, seja próprio, seja grupal, em geral padecem de uma humildade excessiva, podendo aceitar qualquer imoralidade ou amoralidade que lhes seja proposta, porquanto os que constantemente se impõem sacrifícios e humilhações não raro confundem suas fraquezas com humildade e se torna capacho dos outros, aceitando a idéia de que são bastante insignificantes. Notadamente, onde há um traço de superioridade, sempre existe a contraparte inferiorizada.

O orgulhoso exclusivista adora lisonjeadores, ama os parasitas sociais, e odeia os generosos. Vivendo a se vangloriar de cada vitória, enterrando sob uma fina camada de areia todos os seus erros e fracassos que se tornam visíveis à primeira lufada de vento. Sem compaixão por nada nem por ninguém, apresenta tendências egoístas e tem enorme dificuldade de perdoar. Perpetua suas máscaras sociais e fica constrangido se a situação requer espontaneidade. Qualquer quebra de padrão o derruba. Fica absolutamente deslocado quando não domina a situação ou não é o centro das atenções. Dessa forma, o arrogante, de tanto jogar no time do "eu sou mais eu", acaba atraindo a antipatia e a indiferença dos outros, pois ninguém agüenta conviver muito tempo com a presunção de uma pessoa que só conta vantagens, muitas delas, geralmente, nem verdadeiras são. Com o passar do tempo, lembranças de glórias efêmeras são as únicas companheiras que lhe restam, já que ele não soube compartilhar o seu sucesso nem os de outras pessoas. Pobre criatura arrogante!

Ser humilde consiste em simplesmente aceitar suas deficiências e seus defeitos, obstáculos momentâneos à plena realização e felicidade espiritual, não se esquecendo de que tudo isso pode ser superado e modificado com esforço e determinação. Todos nós temos defeitos, e quando estamos cientes desses defeitos em nós mesmos, é difícil manter uma atitude superior em relação aos outros. Conforme vamos nos tornando honestos, dispostos a admitir as nossas deficiências e ampliando a nossa consciência de entendimento da natureza humana, aumentamos nosso autoconhecimento e auto-respeito e passamos a nos preocupar igualmente com o bem-estar dos outros. E essa qualidade de consciência de si mesmo e de interesse pelo próximo gera a verdadeira humildade, e só os que são verdadeiramente grandes têm sabedoria suficiente para viver a humildade em sua plenitude.

Nenhum de nós é ainda modelo de perfeição, e, por isso, é imprescindível saber respeitar e conviver com as diferenças. Não nos cabe julgar nem mesmo condenar pessoa alguma, pois ainda por muitas existências, sempre apresentaremos defeitos sob algum aspecto. E como nem só de deficiências vivem os homens, todos nós temos muitos talentos a serem cada vez mais desenvolvidos, dos quais devemos nos orgulhar sempre.

TODOS NÓS SOMOS CANINOS OU FELINOS

TODOS NÓS SOMOS CANINOS OU FELINOS

Pilar Casagrande

Observar o nosso meio é o melhor modo de poder interagir positivamente com ele, porém a nossa vida urbana transformou o meio de tal maneira, que tornou a vida animal "selvagem". Ao invés de natural, os únicos que se adaptaram ao "nosso habitat" foram os ratos, as baratas e os insetos. Portanto, sejam bem vindos à "civilização". De "amigos" restam-nos apenas os cães e os gatos.

Cães têm inúmeras qualidades e são fiéis, companheiros e brincalhões na maioria das vezes. É até interessante observar que na natureza, os lobos e outras espécies de caninos, vivem em grupos. Há uma "necessidade" de socialização inerente à espécie, por esse motivo vemos que a interação entre homem e cão serve a ambos.

Independente de ter ou não um cão, independente de gostar ou não de cães, existe uma grande semelhança de personalidade, pois podemos ver à personalidade "canina" em algumas pessoas: fidelidade, companheirismo, disposição para alegrar o ambiente. Até a grande necessidade de ser aceito pelo seu meio, mesmo demonstrando ser "raivoso" em algumas ocasiões. E, a necessidade de sempre seguir alguém.

Nos grupos, vários elementos seguem um líder e há sempre uma intensa disputa dessa liderança, de jovens contra mais velhos, porém estão sempre juntos porque precisam dessa referência e precisam ser aceitos, precisam pertencer à "sua matilha".

Muitas pessoas possuem essa necessidade de estar "de bem" com todos do seu meio. Mesmo que o preço disso seja a submissão. Como um cão que baixa a cabeça com o grito precisam sempre seguir porque não sabem andar sozinhos. Marcam seus territórios, protegem seu espaço, mas são eternamente subservientes a seu líder. Algumas pessoas existem apenas para isso. Quem se rebaixa demais não pode se queixar de um dia virar capacho. Até o cachorro é mais inteligente do que muita gente, pois eles rosnam até para seus donos quando preciso.

Gatos, onças, tigres, pumas, até o leão, felinos em geral têm, na principal marca de sua personalidade, a independência e não seguem nada nem ninguém, são desobedientes, debochados, cômicos na maioria das vezes, preguiçosos, folgados, e interesseiros. Um felino apenas se aproxima de outro por seu próprio interesse.

Felinos normalmente são solitários, seus territórios são imensos, pois ele não vê limites. Saem de casa e migram com grande facilidade, e não se prendem a lugares e pessoas. Não seguem grupos, unem-se apenas a seu par e fazem apenas o que querem. Caso sejam tolhidos de espaço, enlouquecem de tal maneira que, existem casos de gatos que saltaram do alto de prédios, tamanho o seu desespero.

Seu espaço é o mundo e o céu é o limite, qualquer coisa que sufoque sua vontade o faz reagir de modo violento. São dóceis e delicados com quem estimam e ignoram completamente a existência de qualquer outro que não lhes agrade. Vão buscar o que desejam, ignorando advertências; escala grandes alturas, arrisca-se em saltos perigosos, esgueira-se em pequenos vãos, corre a toda velocidade e coloca a vida constantemente em risco para atingir seus objetivos.

"Nós gatos já nascemos pobres, porém já nascemos livres..." Felinos são o que são porque são egocêntricos e seu mundo é ele mesmo e seu limite é o que ele acredita ser capaz.

Todos nós somos felinos ou caninos. Os arquétipos dos animais mais "humanos" de nosso mundo são muito semelhantes, às posturas que temos.

Creio não haver melhor ou pior, são diferentes e de personalidade completamente oposta. A submissão canina assumida por muitas pessoas é um limitador da capacidade latente que todos temos de evoluir. A independência felina de muitas pessoas; as levam, em muitas vezes, a emanar uma empáfia insuportável, que mais desagrada do que contribui com seu ambiente...

O ideal seria equilibrar a ambos, mas é certo, quem se reconhece em um, certamente não se reconhecerá em outro, pois ambos são seres distintos, e são exatamente o extremo oposto do outro.

Somos a "espécie superior" e somente nós temos condições de chegar a esse equilíbrio através de nossa própria consciência.

REALMENTE O HOMEM É UM SER FANTÁSTICO

REALMENTE O HOMEM É UM SER FANTÁSTICO
Pilar Casagrande

Quando decide mudar algo e colocar a boca no trombone, não há o que o impeça. Tv, rádios, jornais, revistas, Internet, tudo e todas as formas para gritar que o mundo havia mudado, que o amor e a paz tomariam conta de toda nossa história e que essa maravilha de mundo encantado, reino prometido já estava por acontecer, já, agora, nesse primeiro de janeiro mesmo de um ano.

Acordei super animada para ver e sentir o novo mundo de paz e amor que bocas conhecidas ou não, anunciaram por todos os veículos de comunicação. Engoli rapidamente um gole de café e já saí pelas ruas. Precisava sentir o novo mundo que tantas e tantas pessoas haviam me prometido que começaria agora nesse novo ano qualquer.

Lembrando-me de cada palavra, de cada desejo lido e sentido no decorrer de um mês inteirinho de um dezembro, mal podia esperar para ver como e com quais novas cores estava tingido o mundo agora.

Tudo estava realmente muito bonito, embora as ruas ainda dormissem, acho que pelo motivo de ter estado acordada até muito tarde. Mesmo assim encontrei um grupo de pessoas e vi que estavam se abraçando. Afastei-me pensativa achando que só aquele pequeno grupo de pessoas havia entendido as mensagens recebidas naquele dezembro avisando que brigas não correspondiam ao forte desejo da paz entoado por toda a humanidade.

Continuei meus passos ainda na esperança do reconhecimento do novo mundo que com certeza havia nascido em janeiro. Busquei pela paz e pelo amor e encontrei outro grupo de pessoas. Essas estavam sentadas na rua distribuindo pão e presentes entre oito crianças desnutridas e mal vestidas. Notoriamente aquelas pessoas estavam no contexto do mundo inteiro quando os gritos de solidariedade ecoaram nos céus pintando nuvens de esperanças e vida e onde a solidariedade tomou conta de toda raça humana.

As pessoas se mobilizaram por tanto tempo em prol de algo que jamais aconteceria. Decididamente não! Ninguém perdeu tempo e palavras em algo que não tivesse fundamento, em algo vazio. Eu acredito no ser humano!

Acredito no poder de renovação da raça humana. Está aí, isso me deu forças e ânimo para continuar o novo ano que foi tão prometido, afinal, sentia ainda em mim a força das palavras e do tal espírito natalino.



Quando vi já estava na frente de uma banca de jornal. Parei e olhei as notícias num dos principais jornais da cidade. Algo devia estar errado, ou aquele não era, não podia ser o jornal daquele primeiro dia de janeiro. Não! Ali eu lia todas as desgraças e catástrofes que habitualmente se lê em um jornal. Mortes, assaltos, aumento de preços, desempregos, guerras... Já não estava entendendo mais nada. O mundo não poderia viver tamanha mentira... Não! E os sonhos? E a esperança? E o amor vestido de paz? E todas as palavras e abraços demonstrando amor e solidariedade na noite anterior, naquele mês inteirinho que vivemos? Enquanto buscava respostas para tudo aquilo que via e pelo que procurava sem achar, pararam dois carros no meio da rua ao meu lado onde duas mulheres quase desceram para se pegar em tapas. Discutiam, gritavam, xingavam-se... Olhei para elas e pensei nos abraços e votos, nos cartões, nas mensagens enviadas no decorrer de todo dezembro e me perguntei onde estavam minhas respostas...

Naquela manhã aquelas mulheres brigavam por uma vaga de estacionamento; os jornais noticiavam as desgraças de sempre; uma família dividia um pão velho; um grupo de jovens brigava trocando socos e pontapés...

Voltei para casa e, cheguei à conclusão de que tudo continuava como antes, o mundo não havia mudado em nada, talvez aquele fosse apenas o primeiro dia de janeiro e as mudanças que eu esperava encontrar, talvez ainda estivessem perdidas nos sonhos e ilusões de um tempo futuro...

NÃO QUERO FALAR DE NATAL COMO ANTES

NÃO QUERO FALAR DE NATAL COMO ANTES

Pilar Casagrande

Todos deveriam estar com o coração em festa para comemorar o aniversário daquele que deu a vida para que todos pudessem estar aqui e ser o que hoje são. Todos deveriam, mas muitos não podem, e mesmo que dentro deles a fé se avive muito mais nessa época, caminham de olhos baixos, não conseguem enxergar o Natal festivo que o mundo tenta vender...

Todos deveriam fazer dessa data uma data especial para comungar com as pessoas o amor tão grande que herdamos do Pai, sair distribuindo sorrisos com as mãos coalhadas de presentes, mimos aos seus, às crianças que não têm casa e uma mãe, aos que já não têm uma família para abraçar nesse dia, porém, eles não estão mais neles, não na mesma pessoa que passou o ano entre sorrisos apressados e uma carga grande trabalho, e ainda que não queiram se recolhem aos seus porões, lambem também as suas feridas, e, porque ainda são muito egoístas, eles têm as suas mazelas e ao invés de distribuir um pouco do que têm, castra-se na solidão, para olhar para o seu mundinho, que não é diferente dos que entre lágrimas anseiam sobreviver às comemorações...

Quando deveriam aprender a agradecer mais e pedir muito menos, aí se dão contas de que ainda não aprenderam a ser como gostariam de ser, ou como deveriam ser; vêem-se prostrados diante das suas necessidades sem se lembrarem de mostrar aos seus problemas que têm um Deus muito maior do que as adversidades que queiram lhes engolir...

Todos deveriam sair do seu pequeno mundo de Alice e pregar as Boas Novas; porque é isso que Deus espera que façamos.

Até quando vamos continuar desapontando o aniversariante?

Até quando Ele vai continuar depositando em nós a mesma confiança?

Até quando essa chama vai arder dentro de nós, e nós vamos continuar guardando só para nós?

Até quando vamos morrer em cada dia com esse amor entalado nas gargantas ao invés de distribuí-lo sem reservas às pessoas que carecem de um pedacinho dele, para se sentirem também amados como nós somos?

Mas, não quero falar de Natal como antes, como todos... Meus Natais são dias, são minutos, são glórias. Eu conto cada conto de Natal, cada segundo que fui feliz, cada pedaço de pão, cada oração.

Todos os meus dias são Natais, são festas, marco todo amigo que abraço, os que ficaram no passado, os novos que dia a dia começam a me conhecer.

Lembro de meu Primogênito e de meu Pai, é assim mesmo que escrevo, com letra maiúscula, pois são pessoas que não passaram, pois deixaram em mim partes suas, pedaços de seus ensinamentos, de suas alegrias, me ensinaram a sentir e a não julgar, o amor que aprendi não foram pedaços, é amor por inteiro...

Hoje quero parar, uma vez por ano faço uma oração, uma para alguém que nunca vi, não peço nada, não agradeço nada também, apenas faço uma oração, não uma convencional, nada decorada, nada que me ensinaram, mas uma que aprendi com a vida, com a minha e com as pessoas que me cercam pelos tantos caminhos que percorro e que ainda sigo.

Aos meus amigos não vou dar presentes, não vou dar nenhum abraço, não vou ligar e nem ao menos um cartão vou enviar, quero que se lembrem depois, como foi antes, durante todo este ano, como foi durante estes tantos anos que nos conhecemos, alguns menos outros mais, mas aqui todos juntos, não importam as datas.

Hoje é quase Natal e ainda somos pedaços de gente aprendizes de vida. Tento conservar tudo como está, ao seu gosto e como ELE desejou...

Mais 365 dias e vou continuar a seguir como sempre, respeitar as diferenças, sorrir mais, sorrir com o coração e não com os dentes, abraçar os amigos e cuidar mais dos inimigos se por acaso os tiver.

Senhor, não prometo mais e não vou pedir mais, tenho certeza do que posso, do que sou e do que poderei ser durante os próximos 365 dias de Natal...

HAVERÁ SEMPRE OUTRO MINUTO

HAVERÁ SEMPRE OUTRO MINUTO

Pilar Casagrande

Sim, haverá sempre outro minuto enquanto vivermos; mas o que passou nunca mais voltará... Corre-se o tempo todo atrás de uma nova vitória, e não resta tempo para saborear as anteriores. As pessoas estão preocupadas o tempo todo em se tornarem melhores do que as outras para garantirem seus lugares no mercado de trabalho, e não resta tempo para se ocuparem em ser melhores do que elas mesmas eram antes, e em ser, fundamentalmente, boas. Afinal, cada oportunidade é única. É imprescindível que tentemos fazer o melhor possível com o tempo e as possibilidades de que dispomos. Entretanto, temos também a necessidade de não correr simplesmente, sem saber para onde; mas sim de buscar rumos corretos, nos aspectos intelectual, psicológico, moral e físico.

Saudade é substantivo abstrato, tão abstrato que só existe na língua portuguesa. Os outros idiomas têm dificuldade em traduzi-la ou atribuir-lhe um significado preciso: Te extraño (castelhano), J'ai regret (francês) e Ich vermisse dish (alemão). No idioma inglês encontramos várias tentativas: homesickness (equivalente a saudade de casa ou do país),

longing e to miss (sentir falta de uma pessoa), e nostalgia (nostalgia do passado, da infância). Mas todas essas expressões estrangeiras não definem o que sentimos. São apenas tentativas de determinar esse sentimento que nós mesmos não sabemos exatamente o que é. Não é só um obstáculo ou uma incompatibilidade da linguagem, mas é principalmente uma característica cultural daqueles que falam a língua portuguesa.

Saudade não tem cor, mas pode ter cheiro. Não podemos ver nem tocar, mas sabemos o quanto é grande. Pode ser o sentimento que alimenta um relacionamento amoroso ou apenas o que sobra dele. Pode ser uma ausência suave ou um tipo de solidão. Pode ser uma recordação daquele momento e daquela pessoa, que um dia, mesmo sabendo ser impossível, ousamos querer reviver e rever. É a dor de quem encontrou e nunca mais encontrará, de quem sentiu e nunca mais voltará a sentir.

A saudade se combina com outros sentimentos e procria-se. A soma da saudade com a solidão é igual a dor. A soma da saudade com a esperança é igual à motivação.

Saudade é uma só, em diferentes palavras. É comum encontrá-la grafada nas lápides em alusão a dor da ausência provocada pela morte. Mas na Literatura e na Música é um tema crônico. É quem arquiteta a estrofe e conduz o tom. Não importa o gênero literário ou o estilo musical, não importa o autor, a época ou a situação.

Casimiro de Abreu versificou sua saudade da infância: "Oh! Que saudades que eu tenho / Da aurora da minha vida / Da minha infância querida / Que os anos não trazem mais!".

Álvares de Azevedo antecipou a saudade mortal: "Se eu morresse amanhã, viria ao menos / Fechar meus olhos minha triste irmã / Minha mãe de saudades morreria / Se eu morresse amanhã!".

A poetisa portuguesa, Florbela Espanca, também registrou sua saudade: "E a esta hora tudo em mim revive / Saudades de saudades que não tenho... / Sonhos que são os sonhos dos que eu tive...".

O Rock brasileiro transformou a saudade numa de suas bandeiras. Renato Russo cantou: "nessa saudade que eu sinto / De tudo que eu ainda não vi". Ainda nas canções de Renato: "dos nossos planos é que tenho mais saudade".

Entre o Rock e a MPB, Cazuza, declarou: "Saudade do que nunca vai voltar / E dos amigos que se foram / Eu hoje estou com saudade".

Tom Jobim e Vinícius de Moraes compuseram: "Chega de saudade / A realidade é que sem ela não há paz...".

Saudade é um registro fiel do passado. É a prova incontestável de tudo que vivemos e ficou impresso na alma.

Ao confessarmos uma saudade, na verdade, estamos nos vangloriando de que, ao menos uma vez na vida, conhecemos pessoas e vivemos situações que foram boas, e serão eternas em nossa alma. Nutri-la, é alimentar o espírito e a própria existência.

Se há tantas e, ao mesmo tempo, tão imprecisas definições de saudade, resta-nos apenas cultivá-la e alimentá-la com pensamentos, músicas, perfumes, fotografias, lugares, fins de tarde e madrugadas. Saibamos viver plenamente o presente, pois ele será a saudosa lembrança de amanhã.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Pilar Casagrande

Em primeiro lugar, parabéns para todas nós mulheres deste país. Afinal, hoje é o Dia Internacional da Mulher. Essa comemoração é no mínimo curiosa, porque todo dia é Dia da Mulher, pois que outro ser existe que cresce imaginando se multiplicar em mil, para realizar todos os sonhos e desejos dos demais seres ao seu redor?

Que outro produto da natureza é plausível de gerar vida através do amor, doando-se integral e incondicionalmente a esse amor, e ainda suportar todas as dores e dificuldades em nome desse sentimento?

Provem seu sabor de mãe, lembrando brigadeiro, sonho e macarronada domingueira. Seu gosto de proteção, de desvelo, de carinho interminável, de insone guerreira contra vírus e febres. Só a mulher tem a perfeita noção de perpetuação da espécie, da orientação das novas gerações e da responsabilidade assumida com o futuro.

Acredito que por esse motivo, cada oito de março que chega nos dá mostras de que a fatia "homem" da Humanidade vê, cada vez mais com os olhos do reconhecimento, o papel da mulher na sociedade. Cada vez mais as mulheres estão mostrando que filhos, marido, uma casa para cuidar e os eternos preconceitos não são barreiras intransponíveis para se atingir o sucesso profissional e a realização pessoal. Apesar de todas essas dificuldades e de todas as lutas que têm pela frente, hoje a força das mulheres organizadas, estão fazendo um mundo melhor!

À mulher, no seu dia internacional, não faltam elogios à mãe, carinhos e afagos à esposa, à namorada, e até a sogra. Sobram gestos de apreço à irmã, à amiga mais chegada e vem o reconhecimento à professora, à médica da família, à instrutora do catecismo...

No Dia Internacional da Mulher, dedicam-se preitos de admiração à enfermeira, à secretária, à atriz da novela, à atleta do basquete, à cantora, à escritora. Para muitos, bate forte n'alma recordações do ente mulher que já deixou o mundo dos vivos: saudade da esposa que já se foi, da filha precocemente falecida. Para certos mortais, paira a imagem da mulher que eles não conheceram: a que morreu de parto no seu nascimento. E ainda há o que busca em vão, homenagear a mãe que, por razões que não quer saber, deixou-o ainda bebê na mão de estranhos e desapareceu.

São muitas, justas e crescentes as homenagens que o homem, como indivíduo, tem prestado à mulher. Esse é um reconhecimento pessoal e todo seu, aos avanços e conquistas dela nos últimos tempos. No entanto, nesses "oito de março" todos, os meios de comunicação não têm seguido a postura desses indivíduos na homenagem à mulher e tampouco têm dado abrangência maior no enfoque das atividades femininas.

A cada Dia Internacional da Mulher, esses veículos apenas se preocupam em homenagear, destacar, tecer loas e descobrir predicados em mulheres empresárias, políticas, artistas, intelectuais, "socialites" e outras do mesmo naipe. Suas matérias contemplam geralmente nomes que aumentam a audiência. Quando não, focalizam clientes em potencial para suas publicações remuneradas.

Nenhum desses órgãos se lembra de homenagear a mulher que, identificada com a miséria exerce duplo papel na missão que o destino lhe reservou. Aquela que é ignorada pela mídia, desamparada pela assistência oficial e descartada pela população de posses, desempenha, a duras penas, as funções de pai e mãe ao mesmo tempo. E, não raro, de avó e avô.

Não precisamos avançar na procura para encontrar mulheres que são: mães solteiras, ou separadas, ou abandonadas pelo marido e que assumem com muito amor e responsabilidade as funções de pai e mãe. E as exercem com dignidade, fazendo jus ao respeito e apoio da Sociedade.

É para essa mulher esquecida, mas que tem duplo papel, o meu aceno, a minha homenagem!

COMO SABOREAR A SERENIDADE FUNDAMENTADA NA SOLIDARIEDADE

COMO SABOREAR A SERENIDADE FUNDAMENTADA NA SOLIDARIEDADE

Pilar Casagrande

Você tem duas opções quando alguém o desaponta: pode criticar a pessoa, humilhá-la e embaraçá-la, ou pode tentar resolver o problema. , é pouco provável que você consiga fazer as duas coisas ao mesmo tempo, mas algumas pessoas tentam!

Primeiro elas passam a encarar o outro como um inimigo e dizem coisas do tipo: “você é inconseqüente, atrasado, inútil, ignorante...”, mas, a seguir pedem seu apoio dizendo: “agora que já o xinguei bastante, devolva meu dinheiro, conserte meu carro e continue a me amar como antes!”.

É uma maneira difícil de conseguir resultados! Por mais que você esteja aborrecido, é preciso lembrar que ofender os outros só sabota nossas chances de fazê-las nos ajudar. Se você gosta de confrontar as pessoas e ter seus chiliques ocasionais, tudo bem. Mas isso raramente o ajudará a conseguir aquilo que você deseja, pois quando você começa a agredir as pessoas, elas simplesmente deduzem que você é rude. Então passam a querer vê-lo sofrer, e se você depender da colaboração delas para alguma coisa, estará perdido, porque elas não farão a mínima questão de ajudar...

Em poucas palavras: em geral, as pessoas se sentem felizes em atender às expectativas que você tem a respeito delas. Quando você as respeita e as trata bem, elas retribuem esse respeito.

Se seu objetivo for obter a colaboração delas, seja generoso com sua demonstração de respeito. Na maioria das vezes elas aceitarão ajudá-lo de bom grado.

Uma noite calma, branda vem nos abraçar, mais uma semana está passando em nosso calendário e nos deixando a certeza de que estamos vivendo cada dia da melhor maneira possível.

Acredito que temos que ter muita coragem, muita força de vontade para arrebentar as amarras de nossos tabus, nossos medos, inseguranças e receios. Diria mais, além de coragem é necessário muito amor a nós mesmos. Muita vontade de ser feliz e de manter um padrão constante de "felicidade".

E a noite, está aí linda, brilhante, única e irreverente para nos mostrar as possibilidades que temos para ter e fazer um amanhã melhor. Um amanhã mais leve, alegre e cheio de esperanças e fé.

Precisamos ter mais fé em nós mesmos, mais segurança e acima de tudo mais orgulho de nossa pessoa interior e trabalhar sempre interiormente para que isso aconteça. Ter paciência se aprende praticando, vamos praticar também nutrir, explorar e expandir bons sentimentos por nós mesmos. Uma noite calma, branda vem nos abraçar, mais uma semana está passando em nosso calendário e nos deixando a certeza de que estamos vivendo cada dia da melhor maneira possível.

Acredito que temos que ter muita coragem, muita força de vontade para arrebentar as amarras de nossos tabus, nossos medos, inseguranças e receios. Diria mais, além de coragem é necessário muito amor a nós mesmos. Muita vontade de ser feliz e de manter um padrão constante de "felicidade".

E a noite, está aí linda, brilhante, única e irreverente para nos mostrar as possibilidades que temos para ter e fazer um amanhã melhor. Um amanhã mais leve, alegre e cheio de esperanças e fé.

Precisamos ter mais fé em nós mesmos, mais segurança e acima de tudo mais orgulho de nossa pessoa interior e trabalhar sempre interiormente para que isso aconteça. Se paciência aprende praticando, vamos praticar também nutrir, explorar e expandir bons sentimentos por nós mesmos. Reconhecer que a vida não é um caminho pronto e que o futuro é tão distante como o passado e permitir que cada momento seja um descobrimento, um ato de graça e beleza e saborear a serenidade fundamentada na solidariedade, vivendo cada dia como se fosse o primeiro, o último, o único dia da vida.

COMO ALCANÇAR AQUELA ESTRELA QUE PARECE INALCANÇÁVEL

COMO ALCANÇAR AQUELA ESTRELA QUE PARECE INALCANÇÁVEL

Pilar Casagrande

O meu encontro com o Voluntariado não teve data marcada e também não resultou do acaso, surgiu de forma simples, como uma vontade que não se explica, só se sente. Fez crescer a necessidade de ser solidária e aparecer na vida dos outros com um sorriso de esperança.

Quando me questionam sobre o fato de não se “ganhar” nada, eu repondo firme: ”mas eu ganho” e cada dia me sinto mais feliz e enriquecida; cresci como ser humano e estou forte, até o meu sorriso se valorizou bastante, mas o mais importante é conseguir levar algumas dessas alegrias aos outros, pois respeito muito, e cada vez mais a dor alheia!

Sonho, talvez o que poucos ousaram sonhar, realizo aquilo que já disseram que não podia ser feito, a fim de alcançar aquela estrela que a todos parece inalcançável.

Essa é a minha missão: alcançar essa estrela, mesmo sem querer saber quão longe ela se encontra; nem de quanta esperança necessitarei; nem se poderei ser maior do que o meu medo. Sei apenas que nisso vale a pena gastar o resto da minha vida.

Carregarei sobre os ombros, se necessário, o peso do mundo, lutarei pelo bem sem descanso e sem cansaço e enxugarei todas as lágrimas para dar ao próximo um sentido luminoso. Levarei juventude a lugares onde se pode morrer, porque lá precisam de mim.

Sei que pisarei terrenos que muitos valentes não se atreveriam a pisar e partirei para longe, talvez sem sair do mesmo lugar, para amar com pureza e castidade, para devolver à palavra "amigo" o seu verdadeiro sabor.

Terei além dos filhos nascidos do meu corpo, outros muitos mais nascidos apenas do meu coração, aos quais ensinarei todo o valor das palavras dos homens, para que possam descobrir os caminhos que há no ventre da noite, para que possam vencer o medo.

Não medirei forças, pois levarei o anjo do bem comigo, e ele não permitirá que os meus pés se magoem nas pedras dos caminhos. Ele, que vigia o sono das crianças e coloca nos seus olhos uma luz pura que nos apetece beijá-las, é também guerreiro forte!

Sofri aquilo que não sabia ser capaz de sofrer, para viver daquilo que mata, e para saber as cores que existem por dentro do silêncio. Acredito que temos que ter muita coragem, muita força de vontade para arrebentar as amarras de nossos tabus, nossos medos, inseguranças e receios. Diria mais, além de coragem é necessário muito amor próprio. Muita vontade de ser feliz e de manter um padrão constante de "felicidade".

Eu continuarei até quando os meus braços estiverem fatigados e olharei para as minhas cicatrizes sem tristeza, pois hoje sei que uma pessoa pode seguir em frente apesar de tudo o que dói.

Para ir mais além, para passar cantando perto daqueles que viveram poucos anos e já envelheceram, para puxar por um braço, com carinho, esses que passam a vida alheios às dores do próximo.

Precisamos ter mais fé em nós mesmos, mais segurança e acima de tudo mais orgulho de nossa pessoa interior e trabalhar sempre interiormente para que isso aconteça. Se paciência se aprende praticando, vamos praticar e também nutrir, explorar e expandir bons sentimentos por nós mesmos. Reconhecer que a vida não é um caminho pronto e que o futuro é tão distante como o passado e permitir que cada momento seja um descobrimento, um ato de graça, beleza e saborear a serenidade fundamentada na solidariedade, vivendo cada dia como se fosse o primeiro, o último, o único dia da vida.

Direi até ao último momento: "ainda não é suficiente". Disposta a ir às portas do abismo salvar uma flor que resvalava. Disposta a dar tudo pelo que parece ser nada. Disposta a ter comigo dores que são semente de alegrias talvez ainda longe. Viverei feliz para tocar o intocável e ter sempre em meu rosto um sorriso que nem a morte não possa arrancar.

APRENDENDO A ACEITAR AS PESSOAS

APRENDENDO A ACEITAR AS PESSOAS

Pilar Casagrande

Estou aprendendo a aceitar as pessoas, mesmo quando elas me desapontam. Quando fogem do ideal que tenho para elas, quando me ferem com palavras ásperas ou ações impensadas. É difícil aceitar as pessoas assim como elas são, não como eu desejo que elas sejam. É difícil, muito difícil, mas estou aprendendo. Estou aprendendo a amar, estou aprendendo a escutar, escutar com os olhos e ouvidos, escutar com a alma e com todos os sentidos.

Escutar o que diz o coração, o que dizem os ombros caídos, os olhos, as mãos irrequietas. Escutar a mensagem que se esconde entre as palavras corriqueiras, superficiais; descobrir a angústia disfarçada, a insegurança mascarada, a solidão encoberta. Penetrar o sorriso fingido, a alegria simulada, a vangloria exagerada. Descobrir a dor de cada coração. Aos poucos, estou aprendendo a amar. Estou aprendendo a perdoar. Pois o amor perdoa, lança fora mágoas, e apaga as cicatrizes que a incompreensão e insensibilidade gravaram no coração ferido.

O amor não alimenta mágoas com pensamentos dolorosos, não cultiva ofensas com lástimas e autocomiseração. O amor perdoa e esquece, extingue todos os traços de dor no coração. Passo a passo estou aprendendo a perdoar, a amar. Estou aprendendo a descobrir o valor que se encontra dentro de cada vida, de todas as vidas. Valor soterrado pela rejeição, pela falta de compreensão, carinho e aceitação, pelas experiências vividas ao longo dos anos.

Estou aprendendo a ver nas pessoas a sua alma e as possibilidades que Deus lhes deu. Estou aprendendo, mas como é lenta a aprendizagem, como é difícil amar. Todavia, tropeçando, errando, estou aprendendo.Aprendendo a pôr de lado as minhas próprias dores, meus interesses, minha ambição, meu orgulho quando estes impedem o bem-estar e a felicidade de alguém. Como é duro amar. Eu estou aprendendo. E você? Sabe amar?

Perdoar e esquecer a ofensa que te colheu de surpresa, quase dilacerando a tua paz. Afinal, o teu opositor não desejou ferir-te realmente, e, se o fez com essa intenção, perdoa ainda, perdoa-o com maior dose de compaixão e amor. Ele deve estar enfermo, credor, portanto, da misericórdia do perdão. Ante a tua aflição, talvez ele sorria. A insanidade se apresenta em face múltipla e uma delas é a impiedade, outra o sarcasmo, podendo revestir-se de aspectos muito diversos. Se ele agiu, cruciado pela ira, sacando as armas da calúnia e da agressão, foi vitimado por cilada infeliz da qual poderá sair desequilibrado ou comprometido organicamente. Possivelmente, não irá perceber esse problema, senão mais tarde. Quando te ofendeu deliberadamente, conduzindo o teu nome e o teu caráter ao descrédito, em verdade se desacreditou ele mesmo.

Continuas o que és e não o que ele disse a teu respeito. Conquanto justifique manter a animosidade contra tua pessoa, evitando a reaproximação, alimenta miasmas que lhe fazem mal e se abebera da alienação com indisfarçável presunção. Perdoa, portanto, seja o que for e a quem for.

O perdão beneficia aquele que perdoa, por propiciar-lhe paz espiritual, equilíbrio emocional e lucidez mental. Felizes são os que possuem a fortuna do perdão para a distender largamente, sem parcimônia.

O perdoado é alguém em débito; o que perdoou é espírito em lucro. Se tu revidas o mal és igual ao ofensor; se tu perdoas, estás em melhor condição; mas se perdoas e amas aquele que te maltratou, avanças em marcha invejável pela rota do bem. Todo agressor sofre em si mesmo, é um espírito envenenado, espargindo o tóxico que o vitima, não desças a ele senão para o ajudar. Há tanto tempo não experimentavas aflição ou problema, graças à fé clara e nobre que aflora em tua alma, que te desacostumaste ao convívio do sofrimento. Por isso, estás considerando em demasia o petardo com que te atingiram, valorizando a ferida que podes de imediato cicatrizar. Pelo que se passa contigo, medita e compreenderás o que ocorre com ele, o teu ofensor. O que te é inusitado, nele é habitual. Se não te permitires à ira ou a rebeldia, perdoarás!

A mão que, em afagando a tua, crava nela espinhos que carrega, está ferida ou se ferirá simultaneamente. Não retribua a atitude, usando estiletes de violência para não aprofundares as lacerações. O regato singelo, que tem o curso impedido por calhaus e os não pode afastar, contorna-os, a fim de ultrapassá-los e seguir adiante.

A natureza violentada pela tormenta responde ao ultraje reverdecendo tudo e logo multiplicando flores e grãos. E o pântano infeliz, na sua desolação, quando se adorna de luar, parece receber o perdão da paisagem e a benéfica esperança da oportunidade de ser drenado brevemente, transformando-se em jardim.

A LIBERDADE É O MELHOR AMOR QUE PODEMOS OFERECER

A LIBERDADE É O MELHOR AMOR QUE PODEMOS OFERECER

Pilar Casagrande

Um pássaro livre voa para onde quiser, migra nas épocas de frio para lugares mais quentes, canta com toda sua energia, bate suas asas com vontade, alimenta-se do que a natureza lhe oferece, corteja as fêmeas de sua espécie. Ele possui um brilho próprio que atrai e encanta a todos e de tão atraente acaba sendo vítima de alguém que se apodera de sua vida, para ter o brilho desse pássaro apenas para si.

Confinado numa gaiola, restrito de movimento, distante das companhias com quem se contenta, tolhido de voar com toda sua energia, perde o colorido de suas penas, o bailado de seu movimento, resigna-se em um território mínimo de subsistência, alimenta-se não do que lhe agrada, mas do que lhe dão, seu olhar torna-se mórbido, e come apenas porque a necessidade de sobrevivência o impele; seu canto é tão somente um canto de lamento de quem espera o dia de sua morte.

Nós somos como os pássaros, cada um de nós tem seu brilho próprio, sua energia, seus desejos e anseios; e também temos nossos projetos pessoais, nossas aptidões e nossa vocação. Brilhamos e realizamos em nossas vidas com toda a nossa emoção, nossa energia, nossa habilidade para criar e transformar nossa vida e nosso mundo.Temos nossos atrativos que encantam as pessoas que convivem conosco e aquelas que chegam até nós. Até que um dia, somos seduzidos por alguém que nos chega, e nos entregamos para esse alguém...

Saber desfrutar do canto do pássaro liberto em seu habitat, vivenciando sua potencialidade; é ser sábio com a natureza. Entender que somos parte da natureza, sem ser mesquinho a ponto de querer apoderar-se dessa vida tão radiosa e restringi-la de suas aptidões é um princípio básico de respeito à vida.

Do mesmo modo que, nossas habilidades e tendências encantam e atraem, poucos são os sábios que conseguem desfrutar de "nossa" natureza sem desejar colocar-nos numa gaiola. Quando estamos sozinhos, somos como pássaros libertos; brilhamos, vivemos, nos deslocamos aos locais que nos agradam, dizemos e fazemos o que nosso desejo nos atrai. Emanamos nossas potencialidades da melhor forma porque estamos em liberdade de ação, até o dia em que deixamos de estar sós, quando não fazemos mais o que simplesmente desejamos.

Entretanto, somos excessivamente exigidos de atitudes que não queremos tomar, somos tolhidos dos lugares e das companhias que nos agradam, alimentamo-nos somente do que nos é oferecido, restringimos nossas aptidões para adequarmos ao "viveiro" aonde fomos colocados com o nosso tolo consentimento e deixamos de "voar" porque perdemos nossa vontade, deixamos de cantar com intensidade dando lugar ao canto do lamento de quem deixou de viver.

Assim como as penas dos pássaros perdem seu brilho, também perdemos o brilho de nosso olhar, nossa face envelhece e torna-se taciturna e febril, perdemos aquela essência que nos fez atrair o nosso algoz. Nos deprimimos, tornamo-nos rebeldes contra os que nos restringiram, emanamos em cada um de nossos gestos, a nossa revolta acumulada, pela tão cruel mutilação que sofremos de nossos sentimentos. Viramos despojos do que um dia fomos, acabamos com nossa essência e destruímos nossa própria vida desejando por um fim rápido ao nosso sofrimento.

Somos atraentes enquanto estamos sós, mas basta arrumarmos uma companhia; e esta já nos chega com determinações e regras, de como devemos agir e fazer para continuar "vivendo". Essas excessivas cobranças restringem completamente os sentimentos que um dia tivemos por ela, só entramos nessa mórbida gaiola se permitirmos, e só guarda seu amor numa gaiola, quem é egoísta e incapaz de entender que o princípio da natureza de cada ser, consiste em permitir que ela viva sua vida da sua maneira, e não da maneira que desejamos que ela viva.

A natureza é sábia, e nenhum ser humano tem capacidade de querer controlá-la. Qualquer tentativa do homem, de querer ter controle sobre algo além de sua capacidade de compreensão, só pode levar inexoravelmente à morte.

O melhor amor que podemos oferecer é a liberdade da outra pessoa ser do jeito que é, com todas as suas virtudes e defeitos, pois só ama quem aceita.

O amor é harmonia entre os seres, e nunca uma coação contra sua essência. Amar é libertar, somar, colaborar, incentivar, agradar. Já temos gente demais em nossas vidas para nos exigir; precisamos apenas, de alguém para amar...

A CARÊNCIA AFETIVA TRANSFORMADA NUMA VERDADEIRA EPIDEMIA

A CARÊNCIA AFETIVA TRANSFORMADA NUMA VERDADEIRA EPIDEMIA

Pilar Casagrande

Incrível como a carência afetiva tem se transformado numa verdadeira epidemia. A carência é tão grande, a sensação de solidão é tão forte que pessoas se dispõe a pagar por companhia, por uma remota possibilidade de conseguir um pouco de carinho.

Vivemos num mundo onde tudo o que fazemos nos induz a “ter” cada vez mais. Um celular novo, um sapato de outra cor, uma jaqueta diferente, uma viagem em suaves prestações... Enquanto isso as pessoas sentem-se cada vez mais vazias. A voz interna faz um eco que chega a doer; e tudo o que realmente as faria sentir melhores seria “apenas” um pouco de carinho. Pois é, mas não é de dinheiro que estou falando. Não se trata desta moeda. Estou falando das escolhas que fazemos, indiscriminadamente, em busca de afeto. As relações sexuais fáceis e fugazes, a liberação desenfreada de intimidade, a cama que chega nas relações muito antes de uma apresentação de corações...

A rapidez com que as pessoas “ficam”, com que se beijam na boca, com que se tocam nas “zonas erógenas” demonstra exatamente o quanto elas pagam. Ou, ao contrário de tudo isso, a amargura e o mau-humor que toma conta daqueles que não fazem nada disso, que se fecham feito ostras, criticando e maldizendo quem se entrega, quem transa, quem sai em busca de afeto a qualquer preço. Enfim, de uma forma ou de outra, estão pagando pelo carinho que não dão e pelo carinho que, muitas vezes, não se permitem receber. Ou seja, se sexo realmente fosse tão bom, poderoso e suficiente quanto “prometem” as revistas femininas, as cenas calientes das novelas ou os sites eróticos, estariam todos satisfeitos, não estão? Definitivamente não estão!

Sabe por que? Porque falta conteúdo nestas atitudes, nestes encontros. Não se trata de julgamento de valor nem de pudor hipócrita. Trata-se de constatação, de fato!

Muito mais do que orgasmos múltiplos, nós precisamos urgentemente de um cafuné, de um abraço que encosta coração com coração, de um simples deslizar de mãos em nosso rosto, de um encontro de corpos que desejam sobretudo fazer o outro se sentir querido, vivo. Tocar o outro é acordar as suas células, é reviver seus poros, é oferecer um alento, uma esperança, um pouco de humanidade, tão escassa em nossas relações.

Talvez você pense: mas eu não tenho ninguém que esteja disposto a fazer isso comigo, a me dar este presente. Pois é. Esta é a matemática mais enganosa e catastrófica sob a qual vivemos. Quem disse que você precisa ter alguém que faça isso por você?

Não! Você não precisa, acredite! De pessoas à espera de soluções o mundo está farto! Precisamos daqueles que estão dispostos a serem “a” solução! Portanto, se você quer transformar a sua vida num encontro amoroso, torne-se o próprio amor, o próprio carinho, a própria carícia. Torne-se a diferença na vida de pessoas, do maior número de pessoas que conseguir.

A partir de hoje, ao invés de sair para balada dizendo que quer “beijar muito”, concentre-se na sua capacidade de dar afeto e surpreenda-se com o resultado.

Li, um texto sobre “cuddle parties”, a nova onda em Nova Iorque. Pessoas acima dos 30 anos pagam até 30 dólares para participar de uma festa onde os convidados se abraçam, se tocam sem a intenção de sexo (aliás, sexo é proibido nesta festa). Que coisa horrível, não ter alguém ao seu lado que você possa tocar, que você possa acariciar.

Nós temos medo de dar carinho e sermos rejeitado, de tocar o outro e ser chamado de “pegajoso”. E não estou falando de tocar pessoas estranhas, estou falando de tocar amigos, familiares, pai, mãe, irmão, marido, esposa, namorado. Estou falando de afeto com aqueles que, teoricamente, são os mais próximos de nós, aqueles que em nossa agenda colocamos o nome para serem avisados caso algum acidente aconteça conosco.

Sugiro que, a partir de hoje, você comece a se tornar uma pessoa carinhosa, no jeito de falar, no jeito de ouvir, no jeito de chegar e de sair.

Faça um cafuné em alguém que você gosta. Você vai se sentir um pouco estranho, talvez o outro sinta até o coração disparar e pense “nossa, o que eu faço agora, o que eu digo, o que está acontecendo”?

Não desista! Dê carinho, mais e mais, e faça parte do “clube dos saciados”, diminuindo o número de pessoas contaminadas pela carência.