terça-feira, 3 de novembro de 2009

JUNTAS AINDA QUE DISTANTES...

JUNTAS AINDA QUE DISTANTES...

Pilar Casagrande

Esta frase foi escrita por uma pessoa muito especial, querendo referir-se ao fato de duas pessoas sentirem-se juntas, mesmo que não o estejam fisicamente. Para tanto, são necessárias duas coisas. Primeiro tem que haver um sentimento muito forte unindo essas pessoas, de modo que à distância não as impeça de se sentirem juntas. Claro, tem que haver uma grande força de imaginação para vivenciar a presença de alguém que não está a nosso lado. Ou então um sentimento muito forte unindo dois corações.

Essa é uma forma de amor quase que espiritual. Não direi platônico, porque sempre existirá o desejo do contato físico, e o amor platônico é aquele definido como algo etéreo, que existe mesmo só na imaginação, e a, digamos, "vítima" se limita à contemplação do vulto amado. E quando existe o desejo físico de um contato mais íntimo, deixa de existir o “platonismo” do amor. Falo desse desejo de se desejar mesmo a companhia um do outro. Querem estar juntos. Apenas não lhes é possível.

Neste caso de amor distante, pode haver um conhecimento físico. As pessoas se viram, se gostaram, mas por motivos diversos se separaram. Todavia, houve uma forte atração. Então, fica aquele amor à distância. Eventualmente falam-se, escreve-se, mas não se vêem, o que não impede que o sentimento cresça.

A distância pode ser algo de definitivo. Abandono, morte, simples sumiço, sabe-se lá as razões que podem separar duas pessoas. Porém, a presença ficou marcada de tal maneira, que por vezes se chega a sentir a presença ao lado. Chega-se mesmo a sentir o cheiro.

Nos velhos tempos, muitas pessoas foram conquistadas com cartas de amor, com poesias enviadas anonimamente. Houve muitas paixões epistolares (como se dizia antigamente), que o conhecimento físico jogou por terra. Ou não. Mas era lindo receber-se uma carta de amor, geralmente anônima. Ficava-se amando quem escrevera aquela carta. Imaginava-se como a outra pessoa seria. Encostando a carta no peito, sentia-se o abraço do amor desconhecido. Lindo. Poético. Romântico. De verdade, sem gozação...

A tecnologia não conseguiu quebrar esse romantismo. Ainda bem. As poesias escritas em papel perfumado e entregues sorrateiramente, foram substituídas por lindas poesias enviadas via Internet. As cartas de amor, que geralmente eram colocadas à socapa (já que era antigamente, vamos empregar termos antigos) por debaixo das portas, agora foram substituídas por e-mails. Mas o efeito continua o mesmo. Ainda despertam o romantismo e o amor. Felizmente ainda tem quem se emociona e consegue sentir esse amor distante. Sempre é bom amar, seja como for, pois revigora o coração. O mundo parece mais bonito quando se está amando... Mesmo que à distância.

Ainda bem que, se o mundo mudou, os sentimentos não mudaram. Ainda existem pessoas que se emocionam com palavras doces e românticas, e que ainda conseguem sentir aquele "calorzinho" interno ao receberem correspondências. E que conseguem ter a capacidade de "sentir" a presença de quem lhe desperta doces sentimentos.

É sinal de que ainda está viva a chama interna. É preciso ter muita capacidade de amar, para esse "amor à distância", para não sentir a exigência física.

Por que não se juntam, já que se amam? Por que? Porque, oras. Razões mil podem impedir esse encontro físico, que até mesmo pode "quebrar o encanto" do amor espiritual.

Muitas vezes é gratificante estar-se "junto ainda que distantes". Pode ajudar a esquecer mágoas ou sofrimentos recentes, que uma presença física poderia até mesmo reavivar. Pode mesmo, ajudar a reencontrar um caminho. Pode fazer com que alguém, que tenha sofrido alguma mágoa muito forte, possa encontrar um lenitivo, vivendo um romance assim distante, até que suas feridas sejam curadas.

Nunca se esqueçam de que o romantismo é muito importante em nossa vida. Então, se não for possível à convivência física, continuemos a nos amar, ainda que distantes.

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