terça-feira, 3 de novembro de 2009

HÁ QUEM DIGA QUE NÃO SE VIVE DE LEMBRANÇAS

HÁ QUEM DIGA QUE NÃO SE VIVE DE LEMBRANÇAS

Pilar Casagrande

O ser humano sabe como fazer muitas coisas, mas tem uma em especial que é o seu maior desafio. Não é grandioso, é simples, importante, óbvio, é difícil de ser realizado, exige esforço e aprendizagem, mas é divino, como são todas as coisas maravilhosas da natureza.

Está sempre à nossa frente, em nossos irmãos, em nossos pais, em nossos filhos, em nossas atividades, em nossa comunidade.

Mais uma pista, é um sentimento que temos que aprender. Acho que agora ficou mais fácil. Estou falando do Amor. Para mim, o ser humano veio a esse mundo para aprender a Amar, mas não o amor, que estamos acostumados a pensar, e sim o puro Amor, aquele que é tolerante, incondicional e altruísta. Aquele que não exige nada em troca, pois o próprio sentimento basta, o próprio sentimento purifica e eleva, é belo, tolerante e misericordioso.

Aquele que sempre compreende as intenções, que perdoa os erros e demonstra por si só o caminho. Talvez esse não seja o real sentido da vida, mas no mínimo, pode ser um belo motivo para viver...

Dizem que para o amor chegar não há dia, não há hora nem momento marcado para acontecer. Ele vem de repente e se instala no mais sensível dos nossos órgãos, o coração. Começo a acreditar que sim, mas percebo também que pelo fato deste momento não ser determinado pelas pessoas, quando ele chega, quase sempre os sintomas são arrebatadores e vira tudo às avessas e a bagunça feliz se faz instalada.

Quando duas almas se encontram o que realça primeiro não é a aparência física, mas a semelhança d'almas. Elas se compreendem e sentem falta uma da outra. Se entristecem por não terem se encontrado antes, afinal tudo poderia ser tão diferente. No entanto sabem que o caminho é este e que não haverá retorno para as suas pretensões.

É como se elas falassem além das palavras, entendessem a tristeza do outro, a alegria, o desejo, mesmo estando em lugares diferentes. Quando almas afins se entrelaçam passam a sentir saudade uma da outra num processo contínuo de reaproximação até a consumação.

Almas que se encontram podem sofrer bastante também, pois muitas vezes tais encontros acontecem em momentos onde não mais podem extravasar toda a plenitude do amor que carregam, toda a alegria de amar e querer compartilhar a vida com o outro, toda a emoção contida à espera do encontro fatal.

Desejam coisas que se tornam quase impossíveis, mas que são tão simples de viver. Como ver o pôr-do-sol, caminhar por uma estrada com lindas árvores, ver a noite chegar, ir ao cinema e comer pipocas, rir e brincar, brigar às vezes, mas fazer as pazes com um jeitinho muito especial.

Há quem diga que não se vive de lembranças, mas o que fazer com aquelas que foram tão marcantes, que tão bem nos fizeram, que deram tanto colorido á fases do nosso aprendizado? Essas vivências jamais serão esquecidas. Não se vive delas, mas há um encantamento irresistível, uma força quase mística, um elo que não permite cortes na sua lembrança.

O tempo em que sucedeu será passado, mas as sensações se farão sempre presentes, revestidas talvez de uma visão nova que o amadurecimento nos proporciona. Por essa razão é muito comum ouvirmos das pessoas: “Ah! Se eu pudesse voltar no tempo teria agido diferente!”. A isso eu responderia que, se não houvesse tais experiências de vida, não haveria crescimento. Acredito que cada qual escolhe como quer viver, qual a atitude melhor a tomar.

Nós não acertamos sempre, mas o erro tem também o seu valor. O importante é a consciência de que, no momento do fato, fizemos aquilo que achávamos correto ou aquilo que achávamos melhor, pouco importando se sozinhos ou influenciados por terceiros.

As pessoas devem amar, amar muitas vezes, mesmo sabendo que logo depois não poderão estar juntas de novo, pois a despedida se faz presente.

Muitas vezes elas se encontram em um tempo e em um espaço diferente do que suas realidades possam permitir. Porém, depois que se encontram ficam marcadas, tatuadas e ainda que nunca venham a caminhar juntas, as mesmas jamais conseguirão se separar. E o mais importante: terão de se encontrar em algum lugar.

Almas que se encontram jamais se sentirão sozinhas porquanto entenderão, por si só, a infinita necessidade que têm uma da outra para toda a eternidade...

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