sábado, 14 de novembro de 2009

BUSCAMOS MEDIR O QUE NOS É INCOMENSURÁVEL

BUSCAMOS MEDIR O QUE NOS É INCOMENSURÁVEL

Pilar Casagrande

É curioso como muitos se confundem, pois vamos partir de um princípio bem básico; a maioria de nós preocupa-se muito em ganhar mais dinheiro, é normal. Mas esquecemos, quase sempre, de perguntar: Pra quê?

Todos nós desejamos ser ricos; ou, ao menos, "aumentar" o nosso nível de vida. Preocupamo-nos demasiadamente com a quantidade de dinheiro, de investimentos, de bens, propriedades e defendemos nossos conceitos, convicções e ambições com toda a força e energia que temos. Fazemos o impossível, cometemos um crime, se necessário, corrompemos nossa moral íntima e qualquer meio justifica o fim, pois o objetivo e o que importa é realizar o que ambicionamos. Mesmo que, para isso, tenhamos que nos prostituir, nos amoldar, nos adequar, nos restringir, nos sufocar, ou seja; matar o ímpeto que carregamos dentro de nós; cegar o brilho de nossos olhos, deixar-nos ser invadidos e abusados em nossa intimidade, tão somente para valer as "regras do jogo!"

Nos agredimos, deixamos de confiar em nós e nos flagelamos para adequarmos às situações e seremos sempre escravos das situações enquanto nossa mente e nossa consciência mantiverem o medo e o preconceito; que nos impede de brilhar, dentro do potencial que cada um tem dentro de si!

Buscamos medir o que nos é incomensurável, queremos sempre formular, padronizar, mitificar, estigmatizar, rotular, materializar. Marcar uma etiqueta em cada coisa e pessoa de nosso mundo...

Ainda estamos seriamente restritos em nossa visão, pois defendemos nossos arquétipos que herdamos de nossa "entrada" nesse mundo, brigamos e defendemos nossa mãe, zelamos pelo nome da nossa família, discutimos e brigamos pelo nosso time, pregamos e divulgamos nossa religião, contextualizamos ideologias de nossa orientação política. Apenas defendemos bandeiras, símbolos, arquétipos criados dentro da mente de seus idealizadores, somados às mentes e sentimentos de seus simpatizantes.

Criamos nossa personalidade pelas bandeiras que levantamos e defendemos em nossas vidas, e nem sempre assumimos a responsabilidade em levantar nossa própria bandeira, nosso pensamento, nossos sentimentos; as atividades, as coisas, as pessoas e os lugares que nos agradam e tanto desejamos.

Caímos sempre no engodo de querer mesurar e rotular a tudo e a todos, ao mesmo tempo, que também exibimos nossos rótulos e buscamos uma mensuração de nosso ser, querendo materializar as coisas que não possuem formas: nossas alegrias e nossos sentimentos!

Não é a quantidade de anos ao lado de alguém, que pode determinar o quanto essa tenha sido proveitosa, não é a quantidade de dinheiro que você ganha de sua atividade profissional que irá dizer se você é bom ou não. Existem muitos profissionais picaretas, que fazer de suas atividades uma maneira de "arrancar" dinheiro dos incautos, e normalmente ganham bem.

Não é a quantidade de anos que você tem, que irão determinar que você sabe mais do que os outros, ou que tenha vivido melhor. Que adianta viver muitos anos, vivendo resignado e abafando os próprios sentimentos? Prefiro uma vida curta e intensa, aproveitando cada dia.

Que adianta ter dinheiro para ter um carro “caríssimo”, com tecnologia para andar confortavelmente a grandes velocidades, com rendimento muito superior aos outros carros e ter de encarar congestionamento na cidade, cheio de Uno, Fiesta, Pálio, Gol e Corsa e em volta?

Se nos despojarmos de nossas "bandeiras", dos personagens de nosso dia a dia. Dos nossos diplomas, títulos, prêmios, comendas, reconhecimentos, nossa fama, nossos cargos e “denominações”, que assumimos na vida, por alguns minutos durante o dia, para assumirmos nosso "ser", nos conscientizaremos de que: "tudo o que temos" nessa vida pouco importa!

O valor de uma vida, não é medido pelo seu poder monetário; mas pelo amor, carinho e pelas amizades, incondicionais que conquistamos.

Tendo na medida certa, podemos chegar a tudo que queremos e precisamos... Qualquer excesso é dispêndio e aborrecimento desnecessário... Não é o tamanho da sua obra... Mas a magnitude de suas conseqüências que poderão avaliar a sua importância...

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