segunda-feira, 2 de novembro de 2009

CASTELOS DE AREIA LEVADOS PELAS VAGAS E VENTOS

CASTELOS DE AREIA LEVADOS PELAS VAGAS E VENTOS

Pilar Casagrande

Hoje um dia qualquer, no mês de qualquer ano, no ano de qualquer século, em minhas plenas faculdades mentais e físicas e assumindo quando digo e escrevo, declaro, que me declaro "Culpável".

Culpável de tudo o que não fiz, de tudo o que não tenho visto nem ouvido, das palavras que não disse a tempo e das outras que nunca aprendi.

Eu sentia retalhar-se nosso amor a cada dia, nem te importavas com nada que eu dizia, apenas jogavas minha alma em laje fria. Eu te olhava, te rogava a cada tarde sem entender mais teu amor por mim, pois escondias de mim triste verdade...

Retornei cabisbaixa o meu caminho, enterraste todos sonhos do meu ninho, ferindo-me tão forte naquela noite, como em chagas rubras de um açoite...

Caminhando em nossas vidas paralelas, chorei rasgando em dor as fantasias, viúva de ti a me inspirar tantas poesias, viúva amante perdendo o teu amor...

Amei com todas as forças do meu Ser, e de repente, como castelos de areia levados pelas vagas e ventos, vi meus desejos, esperança e sonhos ruir ante a profundeza de um escuro poço. Amedrontada pedi a um poder maior que selasse a boca desse poço, para não serem ouvidos gritos e gemidos da minha boca ante a ironia do Ser que só fazia me escarnecer ...

Lágrimas cristalizaram-se em meu rosto. meu pranto abafado fez-se mudo naquele abismo cerrado onde nem sequer uma réstia de luz diferenciava dia ou noite e nem a mais leve brisa soprava para restaurar meu corpo...

O medo me fazia ver fantasmas onde o caos reinava, apertei fortemente os olhos para que minha coragem não fosse superada ante a visão da morte. Tentei, mas não consegui voltar meus pensamentos ao passado, quando o nosso amor parecia ser maravilhoso...

Existe em todos nós a necessidade de amar e ser amado. Quanto maior a necessidade de amar, maior a necessidade de ser amado. O inimigo, sabendo disso, para preencher nossa fome de amor, nos apresenta a sucata de uma vida promíscua, prostituída, com desvios afetivos, uma verdadeira sucata que não satisfaz nossa necessidade de amor e nos faz desviar para mil formas erradas.

Diante de toda situação, temos sempre uma escolha a fazer: ou partimos para o amor ou para o desamor. Diante dessas opções é preciso que nos decidamos a amar.

Amar, muitas vezes, vai consistir em perdoar, suportar, agüentar e não falar nada; outras vezes, vai ser falar, corrigir, mas com amor.

Amar é um aprendizado. Amar de verdade, só se aprende na oficina da vida. Ou nos formamos na dureza do dia-a-dia nessa oficina, ou seremos egoístas.

Preocupei-me por coisas que jamais aconteceram e passei grande parte de minha vida em lugares equivocados, em horas equivocadas, com gente equivocada.

Declaro que tudo o que tenho é mais do que me falta., que tudo o que não se dá, não se acumula, se perde.

Na dança da vida o descompasso por conta dos acasos atormenta, o futuro angustia, planejamentos são cumpridos a risca mesmo estes desmoronam, caem como chuva, enlameando determinações que humanas, quem garante não falharão?

Ó Deus onde errei, o que fiz para viver este tormento, se me doei inteiramente ao Ser que eu mais amava?

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