segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A INVEJA IMPOSSIBILITA O SENTIMENTO DE GRATIDÃO

A INVEJA IMPOSSIBILITA O SENTIMENTO DE GRATIDÃO

Pilar Casagrande

Não é "pecado" nenhum ter orgulho de si, do seu trabalho, das pessoas que estão à sua volta. Só realiza quem acredita, só acredita quem tem consciência de seus atos. Só tem consciência quem tem mente aberta a novas idéias. Só tem mente aberta quem não descarta a possibilidade de estar errado.

A inveja é a forma mais complexa de admiração que existe, o sentimento de insuficiência que temos latentes dentro de nós ativa a sensação; há sempre alguém mais capaz e apto do que nós, como se estivéssemos sempre à sombra de alguém e isso nos faz desejar o que não temos o que não somos e o que gostaríamos de ser.

O dicionário define inveja da seguinte forma: sentimento em que se misturam o ódio e o desgosto, e que é provocado pela felicidade, prosperidade de outrem; desejo irrefreável de possuir ou gozar, em caráter exclusivo, o que é possuído ou gozado por outrem.

Algo me diz que inveja e ciúme; são como duas retas paralelas que correm lado a lado, assim como aquela velha história do amor e do ódio, os sentimentos passionais parecem ser opostos, mas na verdade tem muita coisa em comum entre si, eles se atraem mutuamente o tempo todo e não são raras as ocasiões em que se confundem.

Ciúme, vesgo de nascença por um desses maus jeitos de parto, anda por aí, sem lenço e documentos, aprontando das suas. Com a visão distorcida, enxerga as coisas e pessoas à sua moda, vendo em lentes exageradas mais do que qualquer sujeito normal.

Ciúme criador de casos e cenas aquele que rouba os melhores papéis dramáticos ou humorísticos de qualquer história. Por tantos méritos, é a estrela favorita dos seriados e novelas. Com popular e coletivo carisma, consegue fazer cada capítulo render tanto, que se repetem por anos a fio, martirizando heróis e heroínas que derramam lágrimas de cebolas e crocodilos nas telinhas dos rios claros ou de janeiros.

Se pudéssemos fazer uma tomografia computadorizada da inveja ela ficaria assim: No primeiro momento uma pessoa olha para a outra e identifica nela algo que chama a sua atenção, talvez um traço de sua personalidade, um objeto que ela possua ou uma situação que ela esteja gozando e imediatamente deseja aquilo pra si, compreende a importância de tal maneira que quer aquilo para si. Primeiro vê, depois admira e por fim deseja, a inveja é um desejo dos olhos, o ciúme é uma insegurança do coração.

No momento seguinte vem à comparação; a pessoa começa a reparar que não possui aquele traço e não é dono daquele objeto ou que não tem a mesma situação de quem está cobiçando, essa percepção às vezes pode ser até inconsciente, todos nós sentimos inveja em algum momento, seja de maneira consciente ou a nossa revelia, mas a inveja torna-se perigosa quando o “cobiçador” toma consciência que aquilo que deseja é impossível de possuir ou de obter.

Nesse momento a inveja pode ser destrutiva à medida que o “cobiçador” pode querer eliminar o que não pode ter; pode querer ferir, furtar ou espoliar o cobiçado, na lógica da inveja “o que eu não posso ter não quero que ninguém tenha”; apesar de por vezes ser inconsciente, a inveja é um sentimento que pode ser construído de acordo com os padrões de comportamento que se absorve ao longo da vida e que pode ser despertado de acordo com suas reações ao ambiente onde se for exposto.

A inveja é uma carência, uma impossibilidade, uma deficiência que na cabeça do invejoso ele não possui, a inveja pode ser despertada por uma habilidade, uma qualidade, um vínculo afetivo ou por um objeto concreto de outrem, quando alguém estiver falando mal de outra pessoa isso pode indicar que quem o faz, está tentando eliminar as diferenças as quais deixam o outro em condições superiores.

Só pode mudar o mundo quem mudar seu país, só muda seu país quem mudou sua cidade, só muda sua cidade quem muda seu bairro; só muda seu bairro quem muda sua rua. Só muda sua rua quem muda sua casa e só muda sua casa quem muda a si mesmo.

O mundo começa e termina dentro de si, bom ou ruim, depende de como você vê e interage com ele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário