terça-feira, 3 de novembro de 2009

HOMEM É TRATADO COMO UM ANIMAL

HOMEM É TRATADO COMO UM ANIMAL

Pilar Casagrande

Um mau cheiro forte de desodorante vencido, pelo corredor fétido do hospital se espalha, o homem é tratado como um animal, fedido, chamar isso de programa de saúde é ser infame.

Num corredor sem conforto, calorento, um grupo de pessoas pobres se amontoa, eles suam em bica e esperam sem alento, e no silêncio, um grito de desespero ecoa.

Em cadeiras de rodas, de pé, sem clemência, choram de dor, suspiram, sofrem e temem, aguardam, horas e horas, ocorre a demência, vem um aviso, o médico não veio, eles gemem.

Numa maca, sangrando, um acidentado espera, o tempo passa ninguém aparece nem explica, a família sem solução se enerva se desespera, vem a decisão, sem leito na UTI, ela não fica.

Um velhinho, trêmulo, não sabe para onde vai, circula sem direção, está perdido, atordoado, sem suportar tanta demora, de repente, ele cai, aparece um médico, está morto, tudo encerrado.

Desde as cinco horas da manhã com uma criança, uma mãe desesperada, lívida, aguarda uma consulta, a criança tosse, respira com dificuldade, ela cansa, às 14 horas, alguém diz venha amanhã, ela insulta.

Nos postos de saúde faltam remédios e assistência, o dinheiro arrecadado na CPMF é totalmente desviado, vai para outros fins, comprar votos, tenham paciência, está na hora de agirmos, há muito dirigente enlameado.

Há muita gente morrendo nas longas filas da Previdência, muitos aposentados, trêmulos, pálidos, nos suplicam, não nos deixem morrer assim, sufocados, sem assistência, um pouco de humanidade, de calor humano, nos indicam.

Como podemos ficar alheios a essa violência urbana, ela é muito mais agressiva que a atuação dos traficantes, eles atuam nas favelas, ajudam, de uma maneira humana, com os lucros do trafico tomam atitudes mais edificantes.

Arvoramos-nos de honestos, probos, a Deus tementes, mas somos semelhantes aos antigos e frios fariseus, que pregavam a justiça, o amor, e eram inclementes, diante da verdade, da honestidade, cuidavam dos seus.

Que cultura mais infame é essa nossa em que vivemos, onde mentimos, dissimulamos e essa injustiça, nós assistimos e simplesmente comentamos as notícias que recebemos, se não estamos nesse contexto, qualquer atitude omitimos.

Uma nação não é formada por um amontoado de famílias, sem responsabilidade, sem unidade, sem participação, ela é uma comunidade, unida, integrada, sem estrias, poderemos tudo mudar e formarmos uma poderosa nação.

Estamos todos os dias, recebendo o relatório da corrupção, ela está nos correios, nos bingos, em furnas, é geral.

Confiamos num presidente, num partido, que decepção, e você encontrar qualquer desculpa, é cegueira brutal.

Se pudermos suprir os postos com medicamentos, e se os médicos cumprirem seu papel, sua parte, seremos os samaritanos dos belos ensinamentos, que defendem a justiça, e são do amor os estandartes.

Podemos visitar nos hospitais os doentes abandonados, a ajuda financeira é importante, mas também precisam, de alento, de presença, de apoio, se sentirão confortados, diariamente, através de clamores silenciosos, nos avisam.

Nós temos que cobrar uma detalhada prestação de contas; de qualquer governo não importam siglas ou partidos, numa auditoria o correto é o que, de fato, pois os valores são direcionados e jamais divididos,

O orçamento não devia se concentrar em Brasília, pois é no município onde o povo vive e propicia, as verdadeiras mudanças que atendem a família, lidar com tanto dinheiro, de modo fácil, vicia.

Todos os meses as Secretarias de Saúde, que deveriam cuidar da saúde dos municípios, ficam com o dinheiro e tomam uma atitude, glosam os hospitais, fazem isso, sem princípios. Recebem os recursos dos ministérios no dia cinco, de cada mês, mas os transferem no mês seguinte, e ainda glosam valores, de um modo cínico, e o hospital assume a posição de pedinte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário