terça-feira, 3 de novembro de 2009

NA REALIDADE NINGUÉM ESTÁ SÓ

NA REALIDADE NINGUÉM ESTÁ SÓ

Pilar Casagrande

Sempre estamos acompanhados, pois se existir um mínimo de auto-estima há a nossa própria companhia. Há ideais que acalentamos, que nos fazem criar esperanças e quebram qualquer espécie de solidão.

Temos de analisar o ser humano multifacetado, e avaliar as causas que o conduzem a uma sensação de solidão. Se alguém depende afetivamente exclusivamente de uma outra pessoa, e na sua existência não há laços que o prendam a mais ninguém, as trocas afetivas são limitadas, e esse alguém se torna obsessivo, controlador, sofrido, vivendo somente em função da vida do outro...

Se este “outro” lhe falta, a sensação de uma invencível solidão, criada pela sua própria mente, domina completamente a alma angustiada e perdida, de quem não tem mais nada, nem ninguém.

Como a mulher frustrada e sem horizontes de maior amplitude para a vivencia, que entrega o seu mundo afetivo aos filhos, e pior se é só um, empregando toda a sua energia vital a tão reduzida dimensão humana.

Obcecada, possessiva, nunca se questiona, ou se refaz, depressa tenta afastar pensamentos tormentosos. Se os seus filhos um dia se afastam dela e naturalmente seguem a sua própria caminhada, como poderá continuar a existir?

Como tantas mulheres que tenho encontrado elas sofrem uma imaginada solidão agonizante, lamentosa e queixosa da ingratidão dos filhos por quem tanto se sacrificaram. Nunca souberam ou nunca quiseram saber como construir outras motivações e razões de viver. Poderia escrever, até um livro sobre este tema, mas vou tentar salientar como não viverem em solidão.

Sem duvida temos consciência que fazemos parte de um Universo infinito, que somos seres multidimensionais, e ao limitarmo-nos excessivamente, bloqueamos ou destruímos muitas das nossas potencialidades vitais nas mais variadas dimensões.

Basta observar o Universo para dar-se conta como a Terra em movimento vai transformando a Primavera em Verão, o Outono em Inverno num ritmo cronológico e constante.

Quando a luminosidade do dia encurta, e o manto negro da ausência do Sol se prolonga, podemos encontrar a companhia da música que gostamos, e que atua como um bálsamo reconfortante, numa poesia que lemos, num livro onde aprendemos, e até no silêncio que escutamos.

Querer aprender a agarrar o lado belo de cada coisa da Vida, é sentirmo-nos acompanhados de tudo o que nos cerca.

Portanto, devemos nos conscientizar que somos expressões interdimensionais da Vida; que somos límpidos espelhos que refletem cada manifestação da nossa atividade mental. Possuímos capacidades imensuráveis, e se quisermos podemos em cada “Hoje” criar uma ínfima alteração nos nossos estados menos positivos, o que nos irá conduzir a um “Amanhã” absolutamente diferente.

Aprendemos a nos libertar da escravatura de quase exclusivas vivências rotineiras de um cotidiano asfixiante, e criar...

Criar vida em cada percurso, construindo de forma mais positiva o seguinte. Neste caminho evolutivo sentimos sempre a companhia da nossa própria evolução.

Ninguém pode existir na solidão, porque a solidão não existe! Até a tristeza e a saudade são companhias.

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