sábado, 14 de novembro de 2009

A CARÊNCIA AFETIVA TRANSFORMADA NUMA VERDADEIRA EPIDEMIA

A CARÊNCIA AFETIVA TRANSFORMADA NUMA VERDADEIRA EPIDEMIA

Pilar Casagrande

Incrível como a carência afetiva tem se transformado numa verdadeira epidemia. A carência é tão grande, a sensação de solidão é tão forte que pessoas se dispõe a pagar por companhia, por uma remota possibilidade de conseguir um pouco de carinho.

Vivemos num mundo onde tudo o que fazemos nos induz a “ter” cada vez mais. Um celular novo, um sapato de outra cor, uma jaqueta diferente, uma viagem em suaves prestações... Enquanto isso as pessoas sentem-se cada vez mais vazias. A voz interna faz um eco que chega a doer; e tudo o que realmente as faria sentir melhores seria “apenas” um pouco de carinho. Pois é, mas não é de dinheiro que estou falando. Não se trata desta moeda. Estou falando das escolhas que fazemos, indiscriminadamente, em busca de afeto. As relações sexuais fáceis e fugazes, a liberação desenfreada de intimidade, a cama que chega nas relações muito antes de uma apresentação de corações...

A rapidez com que as pessoas “ficam”, com que se beijam na boca, com que se tocam nas “zonas erógenas” demonstra exatamente o quanto elas pagam. Ou, ao contrário de tudo isso, a amargura e o mau-humor que toma conta daqueles que não fazem nada disso, que se fecham feito ostras, criticando e maldizendo quem se entrega, quem transa, quem sai em busca de afeto a qualquer preço. Enfim, de uma forma ou de outra, estão pagando pelo carinho que não dão e pelo carinho que, muitas vezes, não se permitem receber. Ou seja, se sexo realmente fosse tão bom, poderoso e suficiente quanto “prometem” as revistas femininas, as cenas calientes das novelas ou os sites eróticos, estariam todos satisfeitos, não estão? Definitivamente não estão!

Sabe por que? Porque falta conteúdo nestas atitudes, nestes encontros. Não se trata de julgamento de valor nem de pudor hipócrita. Trata-se de constatação, de fato!

Muito mais do que orgasmos múltiplos, nós precisamos urgentemente de um cafuné, de um abraço que encosta coração com coração, de um simples deslizar de mãos em nosso rosto, de um encontro de corpos que desejam sobretudo fazer o outro se sentir querido, vivo. Tocar o outro é acordar as suas células, é reviver seus poros, é oferecer um alento, uma esperança, um pouco de humanidade, tão escassa em nossas relações.

Talvez você pense: mas eu não tenho ninguém que esteja disposto a fazer isso comigo, a me dar este presente. Pois é. Esta é a matemática mais enganosa e catastrófica sob a qual vivemos. Quem disse que você precisa ter alguém que faça isso por você?

Não! Você não precisa, acredite! De pessoas à espera de soluções o mundo está farto! Precisamos daqueles que estão dispostos a serem “a” solução! Portanto, se você quer transformar a sua vida num encontro amoroso, torne-se o próprio amor, o próprio carinho, a própria carícia. Torne-se a diferença na vida de pessoas, do maior número de pessoas que conseguir.

A partir de hoje, ao invés de sair para balada dizendo que quer “beijar muito”, concentre-se na sua capacidade de dar afeto e surpreenda-se com o resultado.

Li, um texto sobre “cuddle parties”, a nova onda em Nova Iorque. Pessoas acima dos 30 anos pagam até 30 dólares para participar de uma festa onde os convidados se abraçam, se tocam sem a intenção de sexo (aliás, sexo é proibido nesta festa). Que coisa horrível, não ter alguém ao seu lado que você possa tocar, que você possa acariciar.

Nós temos medo de dar carinho e sermos rejeitado, de tocar o outro e ser chamado de “pegajoso”. E não estou falando de tocar pessoas estranhas, estou falando de tocar amigos, familiares, pai, mãe, irmão, marido, esposa, namorado. Estou falando de afeto com aqueles que, teoricamente, são os mais próximos de nós, aqueles que em nossa agenda colocamos o nome para serem avisados caso algum acidente aconteça conosco.

Sugiro que, a partir de hoje, você comece a se tornar uma pessoa carinhosa, no jeito de falar, no jeito de ouvir, no jeito de chegar e de sair.

Faça um cafuné em alguém que você gosta. Você vai se sentir um pouco estranho, talvez o outro sinta até o coração disparar e pense “nossa, o que eu faço agora, o que eu digo, o que está acontecendo”?

Não desista! Dê carinho, mais e mais, e faça parte do “clube dos saciados”, diminuindo o número de pessoas contaminadas pela carência.

Um comentário:

  1. eu adorei esse tema eu partir de hohe vou dar carinho aos meus amigos pois estava gosando de um rapaz que eu pensei que gostava de mim mas parece que ele sofre também de carencia afetiva mas agora quero mi amar e ser feliz e um dia quem sabe encontra um amoe mas agora quero mi amar como nunna muito obrigado pela a jusestão

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